Os equipamentos que mantinham o doutor Mark Sloan, mais conhecido pelo apelido de McSteamy, o ex-mulherengo convertido a apaixonado, são desligados por um desejo do próprio personagem de Eric Dane. Ele havia perdido seu grande amor, a também médica Lexie Grey, em um desnecessário (em termos de construção de roteiro) acidente de avião e, severamente ferido, também sucumbiu. “Vou ficar bem. Lexie estará comigo”, disse Sloan, para o choro copioso dos fãs de Greys Anatomy.
Três semanas depois de deixar o hospital Seattle Grace onde viveu as milhares de intempéries amorosas que só a criadora Shonda Rhimes foi capaz de criar, Eric Dane estava de volta ao batente. E, neste caso, em um navio que carregava consigo e na sua tripulação a esperança da salvação da humanidade. Sob a pele do durão Tom Chandler, o capitão da embarcação, Dane se viu de volta às câmeras, mas dessa vez em um papel que, segundo suas próprias palavras, “parece ser muito natural para ele”.
Desde 2014, ele é o protagonista de The Last Ship, série cuja produção executiva é assinada por ninguém menos do que Michael Bay. A terceira temporada do seriado começou a ser transmitida dos Estados Unidos em junho. No Brasil, a nova safra de episódios começa a ser exibida nesta segunda-feira, 19, pelo canal por assinatura TNT Séries.
Quando Dane diz que Chandler é um personagem que lhe cai de forma mais natural, é fácil de entender. Jogador de polo aquático nos tempos de colégio, e um tipo de porte grande, o ator se encaixa melhor na pele de um fuzileiro naval em uma trama que se passa em um momento no qual a humanidade começa a ser dizimada por uma praga. “Eu acho que me encaixei nele de forma mais fácil”, explicou o ator em uma entrevista por telefone com veículos de toda a América Latina. “Ao mesmo tempo, eu não tinha tempo demais para pensar sobre o personagem. Eu só me joguei e tive que fazer. Até agora, tudo parece estar funcionando bem.”
Existe, compara o ator, um senso de responsabilidade compartilhado por Dane e Chandler. E isso ajuda para que a simbiose de ambos seja mais completa. “Ele tem esse senso de dever também, não é? Acho que compartilho isso com o personagem”, ele avalia. “Mas eu não sei se sou capaz de ser tão nobre quando ele. Obviamente, tento ter honra como ele, mas algumas coisas são difíceis. Chandler é um herói e eu não acordo me imaginando como um. Ainda assim, tento fazer o meu papel da forma mais verdadeira possível. E, nesse sentido, acho que consigo me enxergar nele, porque me identifico com esses valores.”
Nas primeiras temporadas, principalmente no ano de estreia da série, The Last Ship se passa dentro do USS Nathan James, porta-aviões comandado por Chandler. Um vírus devasta 8% da população mundial e a embarcação deve, longe da terra firme, encontrar a cura. Na terceira temporada, o personagem de Dane e sua equipe deixarão mais o navio. “Eu acho curioso isso porque, para mim, o Nathan James é a verdadeira estrela da série”, analisa o ator. “Eu gosto dessa ideia de enclausuramento nas cenas gravadas lá, me parece tão mais desafiador. Para mim, os episódios mais interessantes são aqueles que se passam dentro do navio.”
Ao longo dos anos, a trama evoluiu e ganhou mais força, segundo analisa o protagonista. “Acho que a série cresceu. E eu amo como isso aconteceu. Nas duas primeiras temporadas, havia uma ideia de que nossos personagens iriam começar uma nova civilização. Agora, tudo é mais global, não apenas focado no que acontece nos Estados Unidos. Entendo que essa terceira temporada tem mostrado isso. Estamos viajando o mundo. Em todos os lugares.”
Casado com a atriz Rebecca Gayheart e pai de duas meninas, de 6 e 5 anos, Dane saltou de trabalho em trabalho. “Tenho planos para fazer cinema, sem dúvida”, ele emenda: “Mas The Last Ship foi renovada, então devemos ter mais uns 20 episódios pela frente para gravar. Meu foco está nisso atualmente, mesmo que seja algo que eu gostaria muito de fazer com mais frequência.” Recentemente, a emissora anunciou a renovação do contrato para a produção de mais duas temporadas da série.
Em casa, ele conta, não sobra tempo nem para assistir televisão. “São as mulheres quem mandam lá”, graceja. “Mas estou com muita vontade de assistir Stranger Things (série do Netflix). Preciso encontrar tempo.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.