Variedades

Planos do editor não descartam colaboração com outras editoras

O encerramento da comercialização de todo o estoque da Cosac Naify se encerra no dia 31 de dezembro de 2016, um ano após o anúncio do fechamento da editora por Charles Cosac, revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, na época. Até lá, dificilmente esse estoque de 400 mil volumes será absorvido pelo mercado. “Eles estão à venda há 20 anos e não posso culpar a Amazon se não existem compradores”, diz Cosac. A Amazon já queimou parte do estoque da editora. Mesmo assim, sobraram títulos que são êxitos editoriais, mas pouco procurados pelos leitores.

O editor manteve o hábito de doar livros todos os meses de janeiro, o que não ajudou a diminuir de modo significativo o estoque. “Eu doei também para os autores, porque não fali, mantenho o mesmo padrão de vida, só decidindo fechar a editora porque era deficitária.” A Cosac Naify permaneceu aberta no último ano, mas inoperante por motivos legais. Os títulos que deverão ser lançados, segundo o editor, virão com o nome das editoras parceiras.

“Fizemos apostas erradas, como o livro Arquivo Brasília, uma edição cara com 7 mil fotos, que teve uma tiragem de 10 mil exemplares, dos quais 6 mil ainda estão em estoque.” Mesmo obras que teriam maior apelo popular, como o livro dedicado ao cantor pop inglês Sting, foi um tremendo fiasco. Dos 10 mil exemplares impressos, só 500 foram vendidos.

A varejista Amazon não comprou todo o estoque da Cosac Naify, como se imagina, mas só alguns títulos. As editoras que compraram os livros publicados pela Cosac Naify também foram parcimoniosas nas escolhas. “Acabei optando por doar os 900 títulos à editora do Sesi, porque quero que eles continuem a circular.”

Séries inteiras organizadas por grandes intelectuais, como a do professor Ismail Xavier (Cinema, Teatro, Modernidade) correm o risco de desaparecer se nenhuma editora se interessar por elas. “Imagine, você tem títulos raros do cineasta Glauber Rocha, um dos grandes nomes do Cinema Novo, mas não tem compradores, o que me obriga a buscar um destino digno para eles, embora exista um limite.”

Charles Cosac se defende das críticas que circulam pela internet, dizendo: “Estou sendo acusado injustamente de fazer algo contra o qual lutei e luto há 20 anos, a destruição de livros”. O editor, em busca de instituições que possam guardar o precioso legado da Cosac Naify, revela que essa luta deve continuar. “Não estou em busca de coedições, até mesmo porque honro meus compromissos com os autores, caso do livro de Mauro Restiffe, que eu não tinha como deixar de ceder à editora da Cobogó.”

Se a doação de livros provoca, segundo seu diretor financeiro, um “transtorno contábil” à editora, oficialmente fechada e arcando com a despesa de armazenamento de seu estoque, a edição de novos livros é outro problema. O do fotógrafo carioca Alair Gomes, que estava em preparo, foi suspenso. Mas, garante o editor, seu trabalho na área não terminou. “Tinha 32 anos quando fundei a editora, estou com 52, e não fui à falência.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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