Variedades

Numa troca de olhares, o nascimento da nação

Jeferson De confessa que tremeu nas bases durante a projeção de O Nascimento de Uma Nação na Mostra. Foi na cena em que, no levante dos escravos, um deles corta com o facão a cabeça do dono e a brande como um troféu. Jeferson sentiu a cena como um exemplo do radicalismo que toma conta do mundo.

O horror, o horror. O Nascimento de Uma Nação não toma por acaso o mesmo título do clássico racista de David W. Griffith, de 1915, em que a Ku Klux Klan vem salvar a mocinha do escravo que vai estuprá-la. O ator, diretor e roteirista Nate Parker vê o nascimento da consciência negra norte-americana na controvertida figura de Nat Turner.

Seu objetivo é humanizá-lo, e não é pouca coisa, considerando-se que a historiografia oficial (branca) lhe dedica pouca atenção e ainda o pinta como um assassino sanguinário.
Por mais fortes que sejam as cenas de seu filme, Nate, que também interpreta Nat, deixa claro seu partido. Nat é abusado pelo sistema escravagista, que usa sua habilidade como pregador para manter os escravos dentro do preceito bíblico de que os negros nasceram para servir.

Samuel, magnificamente interpretado por Armie Hammer, sintetiza o abuso de todos os patrões. Quando Nat reage, a cena não é de júbilo, mas termina com o sublevado vomitando. É a chave. A troca de olhares (e isso não é spoiler, é História) quando está na forca, com o jovem negro que vai lutar na Guerra Civil, documenta o momento em que nasce, verdadeiramente, a nação. É admirável.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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