Leonard Cohen não sabia o que queria para Hallelujah, justamente aquela que se tornaria a sua canção mais famosa – e, com o perdão a Suzanne ou Bird on the Wire, mas o impacto de Hallelujah na cultura pop até hoje atingiu um nível que nenhuma outra foi capaz.
A versão de Cohen no disco Various Positions, de 1984, não é sequer a mais conhecida. Ao longo dos anos, o músico canadense mudou a ordem das estrofes, criou outras, desistiu de algumas que lhe incomodavam. Quando John Cale, ex-Velvet Underground, sugeriu de cantar Hallelujah em um show de tributo a Cohen durante os anos 1990, recebeu do escritório do cantor um calhamaço de páginas com todas as tentativas de Cohen de finalizar a canção.
Cale organizou os diferentes fluxos de pensamento e inclusive ajudou a popularizar a canção em uma versão de, acredite, Shrek, a animação do ogro verde que fez sucesso durante os anos 2000.
O sombrio de Hallelujah foi destilado por Jeff Buckley, jovem músico que morreu cedo, aos 30, e apenas um disco lançado, Grace, de 1994. Buckley jamais se tornou grande, Grace também não foi notado quando saiu, mas a fama do músico atormentado de voz sofrida se espalhou bastante por um período pré-internet. No universo alternativo, consumidor dessas obscuridades, a versão de Buckley para a canção – linda, por sinal – passou a ser definitiva.
Séries de televisão – principalmente aquelas com tramas médicas – gostaram da carga dramática que a faixa apresenta. Premiações e filmes embarcaram na dicotomia entre desespero e satisfação que a canção apresenta. Competidores de realities shows musicais na TV vinham nos gracejos vocais da canção sua chance de bilhar.
De tão onipresente no universo pop, Cohen pediu um tempo, numa tentativa de salvar uma relação já desgastada. “É uma boa música”, disse ele, em 2009, ao Guardian. “Mas acho que ela está tocando demais.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.