Ulisses é tenor, Marly é soprano. Os dois se conheceram em 2003. Cantavam no Coral Jovem do Estado de São Paulo. E ensaiavam La Traviata de Verdi, em Santos. A ópera acabou cancelada. Mas a paixão ganhou força. E dura até hoje.
O início da carreira dos dois é parecido. Em casa, não havia músicos. Mas, na dele, havia um tio, que gostava de ouvir os Três Tenores. Na dela, um irmão, que ouvia o Queen. “Eu comecei a ouvir com ele e fui gostando”, ele lembra. “Já eu ouvi a gravação do Freddie Mercury com a Montserrat Caballè. E resolvi que queria cantar como ela”, diz Marly.
O começo não foi fácil. “Eu não sabia por onde começar”, conta Ulisses. “Venho de uma família humilde, meus pais nem sabiam onde me levar para estudar”, completa Marly. No caso dele, uma professora de física apontou uma direção, quando o inscreveu no Coral da USP. Ela, aos 16 anos, foi para o Projeto Guri.
Não pararam mais. Há alguns anos, Ulisses fez um concerto em Araçatuba. “De repente, o público estava cantando comigo. E eu soube que precisava continuar.” Marly conta que houve momentos em que pensou em desistir. “Não havia oportunidades para estudantes como hoje. Mas era só eu cantar um pouco para ver que não tinha jeito”, brinca.
A parceria se manteve na vida profissional. “Nós entendemos cedo que precisávamos, além de cantar, buscar espaços”, explica Ulisses. Criaram uma produtora e, juntos, gravaram dois discos. O terceiro, só dele, será lançado este mês, com canções italianas. Marly correu atrás de aulas de idiomas. Estudou teatro. E foi parar no Theatro São Pedro, onde é membro do elenco estável. Já cantou papéis como Fosca, Aida, Norma. Todas mulheres fortes. Coincidência? “Acho que não”, ela responde, sorrindo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.