Um dos mais tradicionais eventos do calendário musical brasileiro, a Oficina de Música de Curitiba, contempla a possibilidade do cancelamento de sua 35.ª edição. O motivo é a falta de verbas – e uma disputa política entre a gestão atual e o prefeito eleito, que alega a necessidade de se utilizar o dinheiro para investir em saúde.
A oficina ocorre tradicionalmente em janeiro, dedicada à música antiga, à música clássica e à música popular, com professores e alunos de todo o mundo. No dia 1º, no entanto, o prefeito eleito Rafael Greca (PMN-PR) escreveu em seu Facebook que pediria ao prefeito Gustavo Fruet (PDT-PR) o cancelamento do evento. “Como pretendo priorizar o atendimento à saúde pública a partir de janeiro, não tenho outra saída senão adiar a despesa com a oficina de música”, disse. O comentário gerou enorme repercussão nas redes sociais e na classe musical brasileira, incomodada com a oposição entre o investimento em cultura como “vilão” de outras áreas.
A oficina é realizada por meio de um contrato de gestão entre o Instituto Curitiba de Arte e Cultura (ICAC) e a Fundação Cultura de Curitiba, órgão do município. O orçamento inicial passou de R$ 1,7 milhão para R$ 1,3 milhão, que seria pago em duas partes, uma este ano e outra após a realização do evento. Até agora, a prefeitura já repassou R$ 420 mil. “Estamos preocupados com a possibilidade de descontinuidade do evento e buscando o diálogo com o novo prefeito para sensibilizá-los a respeito da importância do evento”, diz Marino Galvão, presidente do ICAC.
À reportagem, porém, Greca diz que “temos que escolher entre a dor do povo e o prazer de fazer música”. “O ICAC, sabedor da situação financeira do município, deveria ter sido mais cuidadoso antes de ter convidado professores nacionais e de outros países. Isto é crime passível de responsabilização prevista em lei. Não sou eu que vou cancelar o evento. É o atual prefeito Gustavo Fruet que não pagou o evento”, afirma. Greca sugeriu ainda que a oficina ocorra em outro momento do ano.
Em resposta às colocações de Greca, o ICAC afirmou, em nota, que “o contrato de gestão prevê os repasses da oficina com parcelas nos dois exercícios fiscais, 2016 e 2017, e que a alteração de metas contratuais deve ser comunicada em tempo para minimizar o impacto da medida”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.