Após um período de seis meses de vacância, a diretoria do agora Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), do Ministério da Cultura – principal órgão do Governo Federal quando o assunto é política pública de leitura e coordenação de bibliotecas – está ocupada por Cristian Santos, ex-bibliotecário da Câmara dos Deputados e vencedor do prêmio Casa de las Américas em 2016, desde dezembro.
Em entrevista à reportagem, Santos afirmou que, nos próximos dias, o DLLLB vai ser transferido para a Secretaria de Economia da Cultura do MinC – a mudança anterior, para a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural, que ocorreu no ano passado, foi muito criticada pelo setor livreiro. “É uma praia mais nossa que a atual”, disse.
Santos também indicou que vai investir no Sistema Nacional de Bibliotecas. “Nos últimos anos, por uma série de razões e equívocos, o Sistema ficou ofuscado. O grande risco seria pensar num outro projeto, com um novo nome, reinventar a roda, mas não é o caso.” Segundo o diretor, já se iniciou um processo de aproximação com as bibliotecas para “otimizar o funcionamento delas”. Para ele, um dos maiores desafios da pasta é fomentar a colaboração entre bibliotecas. Outra diretriz que será adotada pelo departamento, segundo Santos, é o investimento na internacionalização da literatura brasileira. “É um desejo do ministro Roberto Freire entrar com mais força nas feiras internacionais, como a de Nova York e a de Londres, nas quais o Brasil acaba tendo pouca exposição”, disse o diretor – ele embarca em fevereiro para Havana, para a Feira local, e aponta que há um desejo de se aproximar do mercado editorial da América Latina.
O programa de bolsas de tradução patrocinado pela Biblioteca Nacional também deve crescer, e o diretor manifestou a vontade de potencializar os prêmios literários já existentes (“aumentar o valor financeiro mesmo”) e criar outros.
Outra ação que já está em andamento, de acordo com o diretor, é o processo de reabertura da Biblioteca Demonstrativa de Brasília, fechada há mais de dois anos. “Quando ela foi criada, existia a pretensão de ser um modelo para todas as bibliotecas públicas do Brasil”, explica Santos. “Existe uma discussão bastante acelerada no Departamento para otimizar o tempo e a Biblioteca ser aberta até o fim do ano.” O prédio havia sido interditado pela Defesa Civil, e foi liberado em outubro de 2016.
Questionado se o orçamento – cerca de R$ 10 milhões, segundo o próprio órgão – não seria um obstáculo, Santos disse que vai buscar parcerias nas esferas pública e privada. “É o caso das feiras internacionais. Temos um grupo de trabalho que envolve atores diversos, desde a CBL até o Ministério de Relações Exteriores, sempre encabeçado pelo DLLLB.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.