2017 não seria um bom ano para a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo. Até dezembro do ano passado, o curador Antônio Araújo conta que a programação da quarta edição estava magra. “Nós só tínhamos três peças confirmadas e um grande recuo no patrocínio. O próximo passo seria congelar o projeto para 2018.”
De lá para cá muita coisa mudou, o que permitiu a inserção de mais sete montagens que completam a agenda que se estenderá de 14 a 21 de março. “De qualquer forma, fazer a mostra continua sendo um ato de resistência”, acrescenta.
As dez montagens compreendem seis países e podem ser divididas em três eixos, explica Araújo. O primeiro dá prosseguimento a investigação de linguagens iniciada desde a primeira edição em 2014. Avante, Marche (Bélgica), do coreógrafo Alain Platel e Frank Van Laecke é a peça de abertura no Theatro Municipal. Ao lado dela estão, Por Que o Sr. R. Enlouqueceu? (Alemanha) e Para que O Céu Não Caia (Brasil). “São obras que perseguem um hibridismo com a música, cinema e outras linguagens”, conta.
O próximo eixo ampara espetáculos que discutem a questão do negro e racismo, representados em Black Off (África do Sul) e nas estreias nacionais Branco – O Cheiro de Lírio e Formol, com direção de Alexandre Dal Farra e A Missão em Fragmentos: 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa, dirigida por Eugenio Lima. “São obras que encaram o racismo ampliando os olhares a partir de cada artista.”
Por fim, o último eixo é dedicado ao teatro documentário com Mateluna (Chile), uma continuação de Escuela, de Guillermo Calderón, que esteve na primeira edição da MITsp e que refletia sobre guerrilha urbana na década de 1980. O trabalho do libanês Rabih Mroué estreia na programação com os espetáculos Revolução em Pixels, Tão Pouco Tempo e Cavalgando Nuvens, peças desejadas desde a primeira edição. “Mroué tem um intenso estudo com imagens ligadas a política e ele merece essa minimostra”, diz Araújo.
Mostra Internacional de Teatro de são Paulo. Vários lugares. 14 a 21/3. R$ 20 / R$ 10.