Variedades

Banda Ludovic se reúne para shows e novo disco

Em um fim de semana, o Ludovic poderia ter se apresentado na programação do Campari Rock, suando para fazer valer a escalação ao lado de bandas como a inglesa ícone britpop Supergrass, Nação Zumbi, entre tantas outras. No sábado seguinte, a banda paulistana era atração principal em uma pastelaria no bairro de São Mateus, sacudindo as cabeças em letras sobre solidão e dores do coração enquanto, ao lado, pastéis de carne, queijo eram jogados no óleo quente.

Essa era uma das qualidades da banda que existiu até julho de 2008, sempre abaixo do radar da grande imprensa, mas enraizada nas lembranças de quem viveu aqueles anos 2000: uma juventude ainda mais louca do que aquela da década anterior que descobria aos poucos a conectividade da internet e as novas opções que a rede mundial de computadores abria para bandas independentes. De repente, não era preciso ter o suporte de uma grande gravadora para circular pela cidade e, por vezes, fora dela.

Jair Naves (voz e baixo), Zeek Underwood (guitarra) e Eduardo Praça (guitarra), trio integrante da formação clássica da banda, sempre souberam que o texto publicado por Naves em janeiro de 2009, decretando o adeus, não era definitivo. “Sentíamos um gosto na boca de que ficou faltando algo”, diz Praça.

Desde 2015, a banda tem ensaiando um retorno definitivo – mesmo que todos os integrantes tenham outros projetos prioritários. Foram quatro shows em 2015 e mais quatro no ano passado. Na próxima quinta-feira, 23, além de marcar a primeira vez que a trupe toca no “limpíssimo” Sesc Pompeia, representa o retorno do Ludovic. É a data escolhida para o lançamento de Inexorcizável (Um Zumbido Ensurdecedor), a primeira música da trupe desde Idioma Morto, álbum de 2006 gravado a toque de caixa, com todo o instrumental registrado em dois dias.

Era uma época diferente

“Não havia existido um CPM 22 para sair do universo alternativo e estourar”, explica Naves sobre a geração emo (com CPM, NX Zero, Fresno e companhia). O tempo passou também para seus integrantes. Saíram da casa dos 20 e poucos anos e vivem, hoje, seus 30. Em um show no Recife, há dois anos, um sempre enérgico Naves feriu o joelho no palco e precisou ficar imobilizado. “É possível envelhecer tocando essas músicas”, garante ele.

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