Sem orçamento, mas com uma curadoria inteligente – de Felipe Arrojo Poroger, que anos atrás foi escolhido pelo jornal O Estado de S. Paulo, entre seus leitores jovens, para ser jurado no Festival de Gramado -, o Festival de Finos Filmes, só de filmes curtos (e algum média), chega à sua quarta edição. Não é mais competitivo, como no ano passado, mas mantém a proposta de ser ponto de encontro e debates.
No próximos sábado, dia 6, o ex-prefeito Fernando Haddad, a psicanalista Maria Rita Kehl e o cientista político Cláudio Couto debatem o tema Cinema e Política no MIS, Museu da Imagem e do Som, a partir da exibição de um programa de quatro curtas.
Entre os filmes está O Delírio É a Redenção dos Aflitos, de Fellipe Fernandes, que foi assistente de Kleber Mendonça Filho em Aquarius. Fernandes prossegue na vertente de Aquarius debatendo a cidade. Uma família está sendo retirada de um prédio que será demolido para abrigar um grande empreendimento imobiliário. O pai sumiu e o drama da mãe é arranjar onde dormir com a filha. Estar no espaço urbano é, ao mesmo tempo, estar confinado e em trânsito. Restos, de Renato Gaiarsa, no mesmo programa, aborda a questão do lixo.
Estacionamento, de William Biagioli, é sobre um haitiano que vai trabalhar (e morar) nesse lugar e, aos poucos, descobre que coisas estranhas ocorrem ali. Fotograma, de Luiz Henrique Leal e Caio Zatti, parte da unidade básica fílmica para propor uma obra em processo, e que vai debater a cultura e a barbárie do mundo atual.
Só esses quatro filmes, pequenos apenas na duração – passaram com sucesso em festivais do País e do exterior -, vão permitir que se discuta o estado do mundo, e das cidades. Direitos humanos, precarização das condições de trabalho, saneamento básico.
Além do MIS, o Festival de Finos Filmes, que vai até o dia 16 de maio, ocorre também na Matilha Cultural, no Caixa Belas Artes e no auditório I da Faap. Todas as sessões são gratuitas e você pode acompanhar a programação pelas redes sociais (facebook.com/finosfilmes) ou ainda pelo site (www.finosfilmes.com.br).
Cerca de 200 títulos foram inscritos no festival deste ano, 16 foram selecionados. Finos Filmes propõe, neste ano, um panorama do cinema português, com a Agência da Curta-Metragem, responsável pelo fomento do formato em Portugal. Nos últimos anos, os curtas portugueses têm tido participação frequente nas mostras da categoria em Berlim e Cannes. Uma homenagem especial será prestada à empresa Tremetreme, que possui um dos catálogos de curta mais premiados da atualidade. “Precisamos pensar em novos modelos de produção e distribuição de curtas-metragens. Algumas experiências portuguesas têm sido valiosas e poderão servir como inspiração”, avaliza o diretor e curador do festival, o cineasta Felipe Arrojo Poroger.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.