A Orquestra Sinfônica Heliópolis apresenta-se neste domingo, dia 2 de julho, no Teatro Municipal de São Paulo com um programa inteiramente dedicado a Beethoven, com a Abertura Coriolano e a Sinfonia n.º 6 – Pastoral. A regência é do diretor e regente titular do grupo, o maestro Isaac Karabtchevsky, que define a apresentação que se propõe a oferecer, tanto para os músicos como para a plateia, uma reflexão sobre o ser humano.
“Beethoven simboliza, na história da música, uma transição fundamental do classicismo para o romantismo. Mas, quando consideramos suas últimas obras, vemos que ele na verdade ultrapassaria todos os limites de estilo, já carregando elementos que são prenúncios das obras de Mahler, Strauss e do final do romantismo alemão”, diz o maestro. “É muito importante, na hora em que programamos a temporada, ter em mente a necessidade dos jovens músicos de desenvolver um senso de interação com diferentes estilos e compositores. Um programa Beethoven é mais um passo nesse sentido”, ele explica – a orquestra já apresentou este ano tanto aberturas de óperas como canções, além da Sinfonia n.º 1 de Mahler.
A Abertura Coriolano foi escrita por Beethoven a partir de uma peça do dramaturgo Heinrich von Collin, por sua vez inspirado na tragédia Coriolanus, de Shakespeare. O tom dramático se presta à história do general Caio Márcio Coriolano, que se revolta contra a população e os senadores de Roma, considerados por ele gananciosos e corruptos. Por sua vez, a Sinfonia n.º 6 – Pastoral descreve um passeio pela paisagem campestre dos arredores de Viena – um universo sonoro aparentemente distinto daquele proposto pela primeira peça do programa. Mas não totalmente.
“A Pastoral é a única sinfonia de Beethoven que não termina com um alegro triunfante. O regozijo dos pastores pelo fim da tempestade que o compositor descreve musicalmente, na verdade pode ser entendido como uma enorme metáfora. O que Beethoven está nos propondo aqui, no final das contas, é um exercício sobre o interior de cada pessoa, ele está nos falando de subjetividade, do indivíduo”, explica Karabtchevsky. “Nessa sinfonia, ao contrário do que acontece em outras peças do mesmo período da carreira de Beethoven, há uma visão introspectiva que não é triunfante, mas, sim, meditativa. E é interessante que os músicos e o público tenham contato com essa proposta, esse olhar para si, a importância constante de reflexão a respeito de si próprio e do mundo”, acrescenta o maestro.
ORQUESTRA SINFÔNICA HELIÓPOLIS
Teatro Municipal. Pça. Ramos de Azevedo, s/nº. Tel.: 3397-0327. 12h. R$ 10. Domingo (2/7)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.