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ESPAÇO AAPAH – A praça Mamonas Assassinas é uma difusora de memórias

Show em homenagem aos Mamonas Assassinas em 1997 (1).  Acervo: Arquivo Histórico Municipal de Guarulhos.                   
 
 
A Praça Mamonas Assassinas, localizada no bairro Cecap, foi nomeada oficialmente em 11 de abril de 1996 através do decreto municipal n° 19.344.
 
Dinho (vocalista), Samuel (baixista), Bento (guitarrista) e Sérgio (baterista) iniciaram a carreira em 1990 com a banda Utopia, na qual Júlio (futuro tecladista dos Mamonas) atuava como Roadie. A Praça foi palco de muitas apresentações e o local no qual começaram a vender os seus primeiros discos. Alcançaram um sucesso imensurável no ano de 1995, quando, já com a banda Mamonas Assassinas, chegaram aos esplendorosos 2 milhões de cópias vendidas no começo de 1996. O acidente não impossibilitou que esses ilustres guarulhenses permanecessem vivos e continuassem a passar a sua energia através das memórias. 
 
A Praça é um patrimônio, pois o mesmo só existe a partir do momento em que há a memória coletiva, criando assim laços afetivos. É preciso que a sociedade se identifique  com o objeto e a Praça propicia essa apropriação, permitindo também que a memória da banda seja transmitida, como nas homenagens através dos shows anuais organizados pelos fãs que acontecem na praça (1).
 
Embora não haja um local institucionalizado que agrupe a história da banda até hoje, sua força permanece, resistindo ao tempo através da história oral (aquela passada através das gerações), que é o cerne de qualquer patrimônio.
 
Que essa resistência temporal continue a enaltecer a história desses ilustres guarulhenses e que incentive ações de preservação que atinja a todos os elementos da praça e, acima de tudo, a sua essência que é a história local. Nesse sentido, e já é uma demanda dos próprios moradores locais, seria interessante a criação de um lugar em que reunisse a memória, constituindo um acervo a partir de mídias que possibilitariam a concentração da oralidade assim como por meio de objetos representativos. Voltando a banda, aqui não existe sequer um memorial que reúna sua memória e não é por falta de material, como bem afirmaram Dona Célia e o Seu Hildebrando, pais do Dinho, em uma conversa informal. 
 
É preciso que se estenda a noção de patrimônio, ampliando o campo de abrangência para além das concepções que ainda prezam apenas pelo corpo do patrimônio (sua materialidade) ou por obras de dimensões monumentais.  É urgente que se leve em conta a sua alma também, traduzida pela essencial cultura imaterial, a sustentação de qualquer patrimônio, e que também sejam incorporados novos objetos que não necessariamente sejam monumentais mas que também carregam imensurável valor e que são representantes da cultura popular.      
   
                                                                      
Larissa Lucindo Fernandes – Cidadã guarulhense e estudante de Arquitetura pela UNG e História da Arte pela UNIFESP.
 

 

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