Charlize Theron era a própria encarnação da beleza no começo de sua carreira. Depois, enfeiou-se para ganhar o Oscar – por Desejo Assassino, de Patty Jenkins. Como a de Halle Berry, que também ganhou o prêmio da Academia e nunca mais fez nada que preste, a carreira de Charlize tornou-se ziguezagueante. Nos últimos anos, só prestou Mad Max – Estrada da Fúria, de George Miller. Mas ela seguia deslumbrante, e as pubs de perfumes nos lembravam disso. Eis que Charlize estrela agora Atômica, e algo se passa.
Sem risco de spoiler – a personagem, Lorraine, é quem conta a história em flash-back, sinal de que consegue sobreviver ao horror que bate na tela -, a heroína diz no final que conseguiu recuperar sua vida. A frase poderia ser da própria Charlize Theron – ela recupera sua carreira. Neste ano de mulheres empoderadas – a Mulher-Maravilha de Gal Gadot -, a loira atômica é um assombro, mesmo que a bilheteria não tenha estourado com igual intensidade.
Talvez tenha a ver com gênero. Diana/Wonder Woman tem aquele romance com Chris Pine e ele…. no desfecho (veja para preencher a frase). Já Lorraine tem um affair com outra mulher. Começa como parte da missão, vira afeto, mas o público conservador pode ter-se ressentido. O filme tem as melhores e mais eletrizantes cenas de ação do ano. Não por acaso, o diretor David Leitch era dublê. Cria uma trama forte. Berlim, em 1989. Não é só o Muro que cai. É todo um mundo. Não é fácil sobreviver no mundo dos homens, mas Lorraine consegue. Magnífica.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.