Desde sua primeira edição, o Rock in Rio vem pontuando momentos decisivos da carreira de Frejat. Em 1985, marcou a ascensão do Barão Vermelho, com Cazuza à frente, como um gigante do rock nacional. Em 2001, a volta do festival à cidade antecedeu a primeira pausa do grupo, com a dedicação do guitarrista e novo vocalista à trajetória solo. O show de 2011 deu origem ao primeiro DVD sem os outros barões; o de 2013 confirmou sua força individual.
A apresentação deste domingo, 17, no Palco Mundo será o lançamento da turnê da fase que se inaugurou em 2017: Frejat sozinho e definitivamente desligado da banda, que fundou com Guto Goffi, Dé Palmeira e Maurício Barros, além de Cazuza, em 1981.
“Em 2015, participei só da homenagem coletiva aos 30 anos do Rock in Rio, e achei ótimo não ter vindo o convite para um show meu. Era um momento para ter uma troca de nomes no Rock in Rio. Eu seria um alvo fácil para dizerem não muda nada no festival, ele é o principal exemplo”, brinca o músico, que recebeu a reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” em seu estúdio, na Lagoa, na zona sul do Rio, na segunda-feira.
“Agora vou com um show totalmente novo. Tem uma cenografia bastante diferente, do Muti Randolph. Depois de nove anos, não estaremos de terno, o que começou com uma inspiração nos shows do Bob Dylan. Na época, eu não queria parecer coroa com roupa de garotinho, de calça jeans e a cueca aparecendo.”
Acompanhado da banda que vem unida nos últimos anos – Billy Brandão (guitarra), Marcelo Costa (bateria) e Bruno Migliari (baixo) -, e agora com Humberto Barros no teclado e Lan Lanh de convidada na percussão, Frejat vai repisar sucessos do Barão e da carreira individual, como Maior Abandonado, O Poeta Está Vivo, Bete Balanço, Por Você, Amor Pra Recomeçar e Segredos.
O Palco Mundo verá também a estreia da música que puxa o novo trabalho, Tudo Se Transforma. Catártica no Rock in Rio inaugural, Pro Dia Nascer Feliz também foi incluída, como Malandragem, a qual Frejat dedicou, em vídeo exclusivo para o portal estadao.com, a Cazuza, Angela Ro Ro (para quem a dupla a compôs) e Cássia Eller (que a tornou invencível).
“Tenho 35 anos de carreira, e é um desafio achar o equilíbrio entre o que deixar de fora e o que mostrar de novo, o que não pode faltar”, conta. “Uma grande parte do meu trabalho de compositor estava preso, eu sempre guardei para o momento em que o Barão voltasse (foram três pausas e voltas). Essa preocupação não existe mais, então estou completamente livre para mexer no meu repertório autoral.”
Ele ainda não assistiu a um show com a formação nova, que tem Rodrigo Suricato em seu lugar. “Com certeza, vou me sentir estranho vendo uma pessoa ali fazendo o que eu fazia antes. Não tem como evitar o processo comparativo. Não vai ser saudável nem para mim nem para eles, então melhor não, né? O que desejo é o sucesso deles, quero que dê certo.”
No Rock in Rio, o músico gostaria de poder ver as performances do guitarrista Nile Rodgers com a banda Chic no Palco Sunset – o que não deverá ser possível, pois o show é imediatamente após o seu no Mundo – e de Justin Timberlake, que encerra o domingo.
Frejat considera que a falta de renovação de grandes nomes da música justifica a reconvocação de atrações (este ano serão repetidos, além dele, Guns N Roses, Red Hot Chili Peppers, Capital Inicial, entre outros). “Não tem novidade porque a indústria fonográfica desmoronou. Tem gente com zilhões de visualizações que não encara o Palco Mundo. É difícil manter 80 mil pessoas ali, e não estou puxando brasa pro meu lado. O mundo da música está tendo que entender como se constroem grandes carreiras hoje.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.