Variedades

O mundo pelo olhar de Bispo do Rosário

Considerado um dos mais inventivos artistas brasileiros, Arthur Bispo do Rosário viveu a maior parte da sua vida como interno na Colônia Juliano Moreira, um antigo hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro. Nascido (provavelmente) em 1909, Bispo do Rosário foi diagnosticado três décadas mais tarde com esquizofrenia paranoide. Em suas obras, recriou o mundo segundo seus delírios. E algumas delas estão em exposição na Casa Museu Eva Klabin, na Lagoa, zona sul do Rio, desde quinta-feira, 14.

A exposição Flutuações marca a 22.ª edição do projeto Respiração. Nenhum objeto do acervo da Casa Museu foi retirado do lugar – as doze obras selecionadas ficam suspensas, como se estivessem flutuando. Além disso, o filme O Prisioneiro da Passagem (Hugo Denizart, 1982), com depoimentos e imagens exclusivas de Bispo do Rosário, é exibido no auditório.

O projeto Respiração existe desde 2004 e chega à sua 22.ª edição. A ideia é aproveitar o acervo da Casa Museu Eva Klabin e fazer intervenções com obras de outros artistas. Morto em 1989, Bispo do Rosário é o primeiro artista já morto a ter sua produção exposta no projeto do museu localizado na Lagoa. As obras suspensas estarão dispostas pela sala Renascença, hall principal, sala inglesa, sala de jantar, sala verde, quarto de dormir, closet e banheiro.

Ex-marinheiro e ex-pugilista, Bispo do Rosário foi diagnosticado com esquizofrenia em 1938. Viveu boa parte da adolescência na cidade de Japaratuba, no Sergipe. Ali cresceu num contexto rico em religiosidade e cultura. Dizia “um dia eu simplesmente apareci no mundo” e costumava falar muito sobre suas origens.

O artista tem três registros de nascimento distintos, segundo o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. A instituição detém o acervo do artista e está localizado dentro do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira.

“Consta, no registro da Marinha de Guerra do Brasil, de 1929, o nascimento de Bispo do Rosário no dia 14 de maio de 1909, em Minas Gerais. Os pais: Adriano Bispo do Rosário e Blandina Francisca de Jesus. Na ficha de empregado da Light, onde Bispo trabalhou, está anotada a data de 16 de março de 1911, a naturalidade em Sergipe e a mesma filiação. No registro na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Saúde, em Japaratuba, consta o batismo de uma criança de três meses, nomeada Arthur, no dia 5 de outubro de 1909. Os pais: Claudino Bispo do Rosário e Blandina Francisca de Jesus”, diz texto.

O artista viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro, tendo passado 50 anos na Colônia Juliano Moreira. Foi nesse período que registrou seu cotidiano em obras feitas com talheres, pratos, copos, potes, vasos, pneus, entre outros.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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