Variedades

The Kills é a potência do indie e a beleza do esquisito entre tantos afinados

“Vocês estão animados para o Alice Cooper?”, pergunta James Hince, a metade inglesa do duo The Kills que, no palco, se torna um quarteto. A plateia vibra. Em noite com uma atração enorme no palco Sunset, é comum que todas as performances iniciadas ainda à tarde funcionem como uma grande introdução.

O The Kills talvez não beba da fonte de Alice Cooper, responsável por encerrar as atividades no espaço, ao lado de Arthur Brown. São dois ícones do rock responsáveis por pavimentar a fusão performática com o heavy metal. Eles eram as estrelas. Já o The Kills, a quentíssima ovelha negra da família Sunset desta quinta-feira, 21.

Uma ruidosa ovelha negra, distorcida, destrambelhada. Esquisita, porém representante de um indie que não tem espaço costumeiramente de destaque na programação de um festival massificado tal qual o Rock in Rio.

Ainda assim, os dois se tornam quatro, mas ainda é a dupla da frente que comanda a pancadaria. Não é um show de concessões, com grande parte das canções da uma hora de apresentação retiradas do álbum mais recente deles, Ash & Ice, lançado em 2016 – foram cinco desse disco, das 11 executadas no total.

É a guitarra de Hince quem comanda a ação. Cada nota tocada – e ele dá preferência à notas individuais em vez dos acordes, esses por conta de Alison Mosshart -, Hince parece querer estourar as cordas do instrumento. Ela, por sua vez, é uma das vocalistas mais cool do rock não à toa. Furiosa, também vomita versos, estrofes e fontes. Descabela-se, raivosa, nos espaços deixados pela guitarra de Hince.

Quem estava à espera de Cooper experimentou a estranheza bela do indie, do garage rock ressurgido durante o início dos anos 2000. Foi um cartão de vistas e tanto.

The Kills se apresentará também em São Paulo, como atração do São Paulo Trip, na abertura do show do Bon Jovi, neste domingo, 23, no Allianz Park.

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