Variedades

Com os filhos, Caetano Veloso comove plateia

“O Caetano acertou, os meninos são muito talentosos”, dizia Djavan na plateia do show Caetano Moreno Tom Zeca Veloso, na noite de terça-feira, 3, no Teatro Net Rio. No palco, Caetano endossou: durante a 1h30 da estreia, foram muitos os momentos de nítido deleite do pai com as composições de seus “meninos” – de 44, 25 e 20 anos, respectivamente -, intercaladas com sucessos como A tua presença morena, Gente, Trem das cores, O leãozinho e Força estranha.

Sem modéstia, ele falou com orgulho da prole. “É bonita pra caramba, né. Muito sofisticada, muito boa”, comentou, depois de Moreno cantar De tentar voltar, dele e de Domenico Lancellotti. “Essa é curtinha, mas é linda, né. Vai longe”, elogiou Sertão, parceria sua com Moreno, que Gal Costa gravou.

Dos três filhos, Zeca é o único que ainda não assumiu a música profissionalmente. Foi estimulado a mostrar suas criações em público justamente por Djavan. “Ele canta de uma maneira muito diferente, ora em falsete, ora com a voz natural. Tem melodias muito delicadas, que me impressionam. É alguém que está fazendo algo novo”, definiu o compositor alagoano, que também se disse fã da banda da qual Tom é compositor, a Dônica.

Com agenda cheia pelo menos até janeiro de 2018, quando terão passado por São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Salvador, os Velosos se apresentam sem banda de apoio. Caetano com seu violão certeiro, ladeado pelos filhos em revezamento entre o violão e o contrabaixo elétrico – Zeca mais fixo ao piano elétrico e Moreno no pandeiro e prato.

Zeca mostra as suas Todo homem e Você me deu (esta, com o pai, também lançada por Gal). Tom, Um só lugar, que compôs com Cézar Mendes e foi registrada por Roberta Sá. Músico e produtor experiente, Moreno, o mais desenvolto, canta Um passo atrás, How beautiful could a being be, Um canto de afoxé para o bloco do Ilê.

É um show despretensioso, nascido da vontade de Caetano de ser feliz, como escreveu para explicá-lo. “Quero cantar com eles pelo que isso representa de celebração e alegria, sem dar importância ao sentido social da herança”, anunciara.

Da plateia, o que se viu e ouviu foi um pai em estado de graça com a reunião artística de sua prole, e um repertório que celebra as afetividades familiares. Eles louvaram os “deuses mais lindos” em Oração ao tempo, e chegaram a Santo Amaro da Purificação com Jenipapo absoluto, Reconvexo e Ofertório.

Esta última, composta pelo filho “arreligioso, irreligioso e até antirreligioso” para a missa celebrada pelos 90 anos da matriarca dos Velosos, Dona Canô (1907-2012), soou talhada para a ocasião: “Todos estes frutos que aqui juntos vês/ Senhor da Vida/ Eu em cada um deles e em mim todos os Teus fiéis/ Ponho a Teus pés”.

Afagos, olhares cúmplices, sorrisos provocados por piadas internas e piscadinhas se sucederam. Ao cantar Boas-vindas, escrita quando do nascimento de Zeca, em 1992, Caetano estendeu a saudação aos três, e compartilhou com a plateia, comovida, sua maior Alegria, Alegria: ser pai. Não à toa o hino de 50 anos abre o show.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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