Não foram poucas as comemorações pelo seu aniversário até agora, mas elas ainda não terminaram. E o violoncelista Antonio Meneses sobe ao palco da Sala São Paulo para uma celebração dupla: desde quinta-feira e até sábado, 28, ele interpreta, em recital solo, as suítes para violoncelo de Bach e, em seguida, toca o Concerto para violoncelo e orquestra de Dvorák com a Osesp regida pela maestrina e contralto francesa Nathalie Stutzmann.
As suítes de Bach são referência no repertório de violoncelo. Meneses já as gravou duas vezes e quem for vê-lo hoje e amanhã pode esperar: um novo registro pode estar a caminho. “Estou tocando em um violoncelo barroco, e a sonoridade diferente me trouxe outras ideias a respeito da peça”, ele explica. “Ela de certa forma me transporta para outra época, outro tempo, de maneira muito forte.”
Meneses completou 60 anos em agosto e aproveitou a data para olhar para o presente e o futuro. Gravou nos últimos anos alguns discos importantes, em especial aqueles como o que interpreta o Concerto de Schumann, as Variações Rococó de Tchaikovski e o Concerto de n.º 1 de Saint-Saëns, sob regência de Claudio Cruz (selo Clássicos). O álbum se soma a registros em que ele toca o Concerto de Dvorák (com a própria Osesp) ou o Concerto de Elgar (com a Royal Northern Sinfonia) para formar um panorama dos grandes concertos para o instrumento – e não por acaso: Meneses conta que quis deixar testemunho de sua relação com essas obras.
O ano do aniversário, no entanto, trouxe ainda uma primeira colaboração com o compositor e pianista André Mehmari, que escreveu para ele a Suíte brasileira. A música nacional, por sua vez, tem papel fundamental em sua trajetória: há alguns anos, encomendou a autores brasileiros obras que dialogassem com as suítes de Bach, que voltou a apresentar em Portugal antes de embarcar para os concertos em São Paulo. “Foi um projeto especial e é bom receber convites para fazer recitais na Europa com esse repertório, combinando as peças novamente.”
Nascido no Recife, Meneses é o principal músico brasileiro de cordas de sua geração. Estudou na Alemanha com Antonio Janigro e, após vencer concursos como o Tchaikovski de Moscou e o ARD de Munique, gravou com a Orquestra Filarmônica de Berlim regida por Herbert von Karajan e realizou turnês com Claudio Abbado. Foi integrante também do prestigiado Trio Beaux-Arts, ao lado de Daniel Hope e Menahen Pressler, com quem também formou um duo responsável por gravação da obra de Beethoven.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.