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O produtivismo moderno no combate à inflação

Impossível não perceber que o Brasil corre o sério risco de ter de volta a inflação em alta. Há vários indícios de descontrole por parte da equipe econômica, que prefere negar o óbvio em vez de enfrentar o problema. O ministro da Fazenda Guido Mantega chegou a falar que a culpa pelo aumento de preços nas gôndolas dos supermercados era do consumidor, que estaria indo às compras de forma descontrolada. Sugeriu até que seria o momento de conter o consumo.


Tal tipo de posição funciona como uma verdadeira afronta aos setores produtivos. Inibir o consumo significa interferir na produção. Implica em parar indústrias. Vai diretamente contra a geração de empregos.


Ou seja, funciona como uma volta perigosa aos tempos da hiperinflação, período em que faltavam produtos nas prateleiras, o que incentivava exatamente a alta de preços. Neste momento, por um erro do governo Lula, que não soube planejar a produção,  a falta de etanol gerou o imediato acréscimo no valor do litro nas bombas, refletindo-se inclusive no preço final da gasolina. Ou seja, ajudando a ativar a inflação.


Como industrial e deputado federal, tenho a noção exata de que devemos ir exatamente no caminho inverso. Precisamos – como faço questão de repetir quantas vezes forem necessárias  – produzir mais, melhor e mais barato. O poder público, por sua vez, precisa apenas não atrapalhar esse processo.  Passa da hora de incentivarmos o produtivismo em nosso país, agregar valor aos produtos e não apenas vendê-los como comoddities no mercado externo a preços aviltantes.


Precisamos combater a inflação com o aumento da produção aqui no Brasil. Do que adianta abrir as portas a produtos estrangeiros, de qualidade duvidosa e que geram empregos a milhares de quilômetros daqui? Será que o Brasil não tem a capacidade de produzir carros mais baratos e com maior qualidade do que esses que são importados dos países asiáticos de baciada? Lógico que temos. Basta investir nos setores produtivos, facilitando a melhoria da qualidade da mão de obra, tirando entravs burocráticos e baixando a carga tributária, entre outras medidas não tão complexas.


Não podemos aceitar que apenas alguns privilegiados pelo poder consigam multiplicar seu patrimônio em até 20 vezes em pouco tempo. Precisamos criar condições para dar a chance às pessoas de bem de buscarem uma vida melhor. Devemos então propiciar essas oportunidades a partir do incentivo à produção. Jamais pelo freio ao consumo.       


 


Carlos Roberto de Campos


Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras nesta coluna

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