“Não tenho curtido muito qualquer coisa sobre o trabalho. Venho fazendo isso há tanto tempo que o prazer foi embora… A carga da experiência sobre os meus ombros é pesada”, confessa Rei Kawakubo, a visionária designer à frente da Comme des Garçons, na edição de maio Vogue britânica, que acaba de chegar às bancas.
De poucas palavras e de raras entrevistas, ela conta do fardo que sua empresa parece ter se tornado nesse momento da vida. “Sou responsável por toda a equipe da Comme des Garçons e tenho um senso de responsabilidade. Se estivesse sozinha, eu pararia”, diz. “Nada é estático, tudo segue. Quero aumentar os ganhos, dar aumentos aos funcionários… Crescer, pouco a pouco, para que as pessoas possam elas mesmas crescer. É um processo natural do negócio. Não tem escolha.”
Ainda na publicação, ela diz se considerar uma mulher forte, mas não feminista e que gênero não tem nada a ver com seu trabalho. “As pessoas que fazem esse tipo de distinção se você é feminina ou não feminista são o problema. Todo mundo é igual, todo mundo é um ser humano”, conclui.
Rei Kawakubo e seu trabalho na Comme des Garçons, uma marca japonesa conhecida por sua liberdade criativa e por desafiar convenções, foram tema de uma retrospectiva no museu Metropolitan de Nova York em 2017. Além da sua marca, seu grupo de empresas apoio e distribui outros designers de trabalho autoral, como Junya Watanabe e Gosha Rubchinkiy, além de buscar inovar também no varejo com projetos como a multimarcas Dover Street Market, hoje presente em Londres, Tóquio, Nova York, Cingapura e Pequim.