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Segurança pública, mantida pela iniciativa privada

Recentemente recebi a informação que a Base Comunitária da Polícia Militar da Praça 8 de dezembro, no Taboão, estava prestes a fechar por falta de manutenção. Para evitar este absurdo, os representantes do Conseg da região preocupados com a situação se reuniram com as autoridades municipais e os comerciantes a fim de encontrar uma solução. Mais uma vez o poder público alegou falta de recursos para a reforma, ficando com os comerciantes a responsabilidade de arcarem com o material necessário, pois afinal, ninguém quer que a Base Comunitária seja fechada!


Tal fato mostra como estamos longe de uma organização adequada dos espaços públicos, especialmente os da segurança pública em nossa cidade. A primeira Base Comunitária construída em Guarulhos foi a do Bom Clima. Também bancada pelos comerciantes liderados pelo Alberto Valladares, o Argentino, a unidade resolveu os problemas de segurança no bairro, atraiu os bancos e novos empreendimentos. É uma ideia que funciona!


Mas, por falta de estrutura, a Base Comunitária se transformou em uma companhia da PM, com cerca de cem policiais e dezenas de viaturas que atualmente se espremem em poucos metros quadrados em plena praça pública. Neste longo período, vários ofícios já foram encaminhados para as autoridades, buscando uma nova e adequada área para a Companhia, porém ainda sem sucesso.


Há vários outros casos como delegacias que funcionam em galpões, outras sem estacionamento para viaturas e para o público que a procura. Sem falar que o principal distrito policial da cidade, o 1º. DP, também foi recentemente reformado com o auxílio financeiro de empresas privadas! Agora no Parque Cecap anuncia-se que o 44º. BPM/M irá mudar de endereço sendo que o novo prédio será reformado também com o auxílio de empresários.


Ora, como em nossas casas e empresas, é necessário destinar uma verba para manter o que temos. Só que para os equipamentos públicos isso parece que não existir, fazendo com que problemas mais corriqueiros como a manutenção se transformem em problemas complexos em que a autoridade não se envergonha de “passar o chapéu” para recolher a ajuda do setor privado.


Sempre pergunto: será que o problema é a falta de recursos públicos ou a falta de gestão pública? Para se ter uma idéia o orçamento da segurança pública do Estado de São Paulo para 2011 é de quase R$ 15 bilhões de reais! Acredito que empurrar a manutenção/construção para os empresários é a forma mais fácil de manter a incompetência do poder público.


 


Wilson Lourenço 


Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)

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