Os episódios que envolvem o Hospital Municipal da Criança não podem ser desconectados de uma situação maior, que envolve os responsáveis pela administração da saúde. Não dá para aceitar passivamente que 14 crianças venham a perder a vida em um estabelecimento médico em um período tão curto sem que se adotem medidas enérgicas. Porém, a Prefeitura, nas pessoas do prefeito Sebastião Almeida e do vice Carlos Derman, também secretário de Saúde, age como se tudo que ocorre é algo natural. Chegam a falar que morrer em um hospital é algo inerente à atividade.
Desde que os casos vieram à tona, culminando na amputação do dedo de um bebe, com repercussão em todo o Brasil, em momento algum, qualquer um dos dois se posicionou em defesa da população. Pior que isso. Os problemas, segundo as primeiras evidências, já haviam sido identificados durante inspeções de rotina no hospital. Mas, como é praxe nesta administração, deixaram para resolver os problemas depois. Só que o depois pode ter sido tarde. Agora, tentam minimizar os fatos, mas sem mexer nas verdadeiras feridas que machucam a população.
A questão de saúde pública é muito mais complexa do que querem fazer parecer esses incompetentes. Tudo parte de um princípio básico: quem está no comando não tem a mínima competência para lidar com vidas, já que têm em seus currículos treinamentos para a guerra. Como esperar que esses despreparados tenham a sensibilidade necessária para defender a saúde do povo?
Como deputado federal, encaminho ao Ministério da Saúde requerimento para identificar as verbas liberadas para Guarulhos, inclusive exigindo a prestação de contas dos serviços oferecidos. Será que o dinheiro está sendo devidamente aplicado? Afinal, o histórico dessa administração dá margem para dúvidas. Nunca é demais lembrar que a ONG Água e Vida, da família Almeida, se beneficiou de verbas que deveriam ser utilizadas por programas voltados à saúde da população, conforme inquéritos que tramitam nos ministérios públicos estadual e federal, além da Corregedoria Geral da União. Se eles já fizeram isso antes, desviando milhões dos cofres públicos, não estariam agindo da mesma forma agora?
Não podemos permitir que mais crianças percam a vida nos hospitais. A ação tem que ser imediata. Essa história de fingir que tudo está bem é característica dos fracos, que fogem de suas responsabilidades. Só me resta pedir ao prefeito, do mínimo de sensibilidade que possa lhe restar, que demita imediatamente o secretário de Saúde.
Carlos Roberto de Campos
Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras.