Fiquei bastante surpreso quando soube da morte da cantora Amy Winehouse. Embora o histórico de vida da inglesinha branca de belíssima voz negra indicasse que isso ocorreria a qualquer momento, imaginei a dor de seus pais, familiares e amigos. Recordei as tentativas de tratamento fracassadas e isso me trouxe uma sensação de melancolia e impotência.
Talvez isso tenha ocorrido pelo fato de o drama pessoal da cantora ser muito parecido ao de milhões de jovens que sofrem as barbáries provocadas pelo vício em drogas e álcool. Infelizmente, essa questão tem se tornado um dos maiores flagelos da sociedade moderna.
Já falei isso em colunas anteriores, e não custa repetir: os jovens começam a usar bebidas alcoólicas mais cedo, que acabam sendo a porta de entrada para o envolvimento com drogas pesadas e perigosas. O fácil acesso ao álcool ocorre em festas, shows e até eventos esportivos – e atinge todas as classes sociais. Uns tomam uísque importado, outros pinga de péssima categoria. Com as drogas ilícitas, o padrão de consumo segue o mesmo modelo. No final das contas, o estrago é o mesmo.
Para combater o problema, é necessário um conjunto de ações complexas, que deve ocorrer sempre de forma integrada, combinada e articulada, com a participação de vários setores da sociedade. O papel do núcleo familiar também é determinante, principalmente no acompanhamento e na prevenção ao vício. Não adianta fechar os olhos para o problema com os filhos e depois culpar a escola, o professor, a polícia, a igreja ou os governantes.
Hoje existem muitas instituições de reabilitação e igrejas que fazem um trabalho exemplar na recuperação dos viciados. A Associação Remar do Brasil está presente aqui em Guarulhos e em mais de 65 países, realizando um belo trabalho de recuperação com a ajuda de ex-viciados, sem parcerias com o Poder Público. Quando se acompanha de perto um trabalho como esse, percebe-se que há esperança para vencermos essa guerra.
Independentemente de religião A ou B, as igrejas também têm desempenhado um papel importante no combate às drogas. O prefeito Sebastião Almeida e o deputado Alencar Santana se desdobram para atender a um pedido das igrejas evangélicas para a criação de centro de reabilitação na cidade.
A Câmara Municipal precisa apoiar o trabalho de entidades que possuem especialização, sobretudo para a formulação de projetos, políticas públicas, seminário ou audiências sobre o tema. Com amor e dedicação, essas entidades conseguem salvar jovens que teriam o mesmo destino trágico de Amy Winehouse.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna