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Custo da energia cria gargalos

Parte do empresariado, especialmente setores ligados à indústria, vem reclamando do alto custo da energia elétrica. Para esses empresários, o custo cobrado das fábricas se tornou muito alto e pede revisão imediata. ssa reclamação acabou estampada pela Fiesp em forma de manifesto de página dupla, domingo, dia 11, na Folha de S.Paulo. E no dia seguinte, segunda, o tema foi objeto de editorial do jornal. O manifesto do domingo tinha por título “A energia brasileira é uma das mais caras do mundo, quando tem tudo pra ser a mais barata”. No texto, a Fiesp desfiava vários e sólidos argumentos contra o preço da energia.


Entre os argumentos relacionados, a indústria paulista mostra que, havendo mudanças, todo o Brasil ganha com isso. E relaciona: “reduzir o preço da energia permitirá que famílias economizem na conta de luz, que os produtos fiquem mais baratos, que as pessoas comprem mais. Isso movimenta toda a economia, gera empregos, enfim, todo mundo ganha”. O manifesto também denuncia: concessão de energia é “o lobby de poucos”.


Mais: a entidade dos industriais paulistas também anunciava o início de um movimento contra os preços altos, a forma de concessões e o descumprimento da lei. O link, para adesões, é www.fiesp.com.br/energiaapreçojusto.


Nós, trabalhadores e sindicalistas, o que temos com isso? Muito. Eu mesmo, na época do governo Fernando Henrique, participei de vários protestos contra os “apagões” que paralisavam a produção e ameaçavam os empregos. O tema continua atual e uma eventual redução do custo da energia, portanto, beneficiaria o trabalhador, pois nosso parque industrial estaria mais competitivo, gerando empregos.


O apelo da Fiesp, numa linguagem contundente, lança luz sobre a questão dos custos reais da produção no Brasil, que são muito mais devido a problemas estruturais e muito menos por causa dos salários. Aliás, se resolvidas as questões estruturais (energia, transporte, logística etc.) e fiscais, para nós, trabalhadores, haveria até mais espaço para reivindicações.


Vale registrar, também, que a energia elétrica residencial é muito cara. E abusiva. Recentemente, o jornal O Estado de S. Paulo fez cálculo sobre uma fatura real (de uma família), mostrando que o ICMS, na prática, é de 36%, e não de 25%. E por quê? Porque em vez de incidir sobre o valor real gasto (no caso, R$ 217,00), incidia sobre R$ 312,00, valor que já somava o custo de outros impostos.


Um governo popular e com os compromissos que assumiu, como o de Dilma, não pode colocar tais questões em segundo plano. A questão da energia, por mexer com o custo das empresas e bolso do povo, e ser estratégica, merecia atenção, cuidado e rigor.


José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região [email protected]

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