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EAD: Tecnologia e conhecimento em sua evolução negam o “fast food”

Recentemente, ganhou destaque na internet a campanha “Educação não é fast-food”. Criada pelos Conselhos Federais e Nacionais de Serviço Social, os vídeos e banners associavam o ensino a distância à alimentação rápida, de qualidade duvidosa. Com a polêmica criada, a Associação Nacional dos Tutores de Ensino a Distância moveu um processo que culminou em liminar proibindo a disseminação das mensagens, concedida pelo juiz federal Haroldo Nader, da 8ª Vara da Subseção Judiciária em Campinas. Nader considerou a campanha depreciativa tanto para profissionais quanto aos alunos da EAD.


O fato e a consequente polêmica lembram a implantação do ensino técnico em nossa instituição. Alunos se matriculavam e, poucas horas depois, os pais vinham “desfazer” a matrícula. Indignados, alegavam que os filhos estavam se inscrevendo em um curso menor, de má qualidade, em resumo: um “fast food” que não merecia crédito. Quem agiu assim, com certeza, se arrependeu. Os críticos do sistema têm que encarar o fato de que hoje a discussão sobre a qualidade do ensino técnico está equiparada a do ensino superior. O próprio mercado de trabalho, que investe nessa qualificação, ajuda a cobrar a qualidade necessária.


Como educador e profissional egresso do ensino a distância, vejo o método como uma evolução natural da educação. A lei que regulariza a prática foi criada em 1996, quando a pasta de educação estava sob a tutela do ex-ministro Paulo Renato de Souza. Aos detratores, novamente, restou a notória crítica ao caráter neoliberalista que a EAD trazia, mesmo tendo entre seus idealizadores o notável antropólogo Darcy Ribeiro. Já na época, no entanto, via-se uma abertura no estilo oficial de ensinar, inclusive com a ampliação de temas nos livros didáticos. Era uma evolução.


Talvez seja informação que falte aos que desacreditam o método: no Brasil, mais de 1 milhão de estudantes optaram pela graduação a distância, sendo que somente no sudeste do país, 91 instituições oferecem a modalidade, 30 das quais públicas, entre federais e estaduais, onde o quesito qualidade sempre é priorizado. A tecnologia inerente ao ensino a distância, com videoconferências e materiais online, marca não só a diminuição das distâncias, senão a chegada à educação da tão falada “era da informação”. E se informação por si só não é o suficiente para uma boa educação, os tutores e o imenso acervo que – e aqui novamente uso o Eniac como referência – está disponível só ampliam as possibilidades dos estudantes. Estes, aliás, são os principais interessados na qualidade do ensino. Porque não lhes permitir usufruir dessas vantagens?


Em síntese, muitos catastrofistas pregam que a tecnologia dos tablets, por exemplo, será o fim dos livros. Faço a ressalva, mudando o pessimismo da frase, de que isso não significa, nem de longe, o fim do conhecimento. Tecnologia e educação não devem ser separadas por visões extremistas, afinal ambas são complementares e, posso dizer, mutuamente vantajosas. Aos que ainda têm dúvidas, faço humildemente o convite para que venham conhecer nossos sistemas de educação, tanto presenciais quanto a distância. Se há limites para a educação, cabe somente a nós, educadores e alunos expandi-los.


 


Ruy Guérios é administrador e diretor da Faculdade e Colégio Eniac de Guarulhos


 

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