Realizado há duas semanas, em Brasília, o 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores contou com a presença de Lula, da presidenta Dilma Rousseff e teve a participação de quase duas mil pessoas entre delegados, observadores, jornalistas e convidados.
No encontro, o ex-presidente destacou que a fundação do PT talvez tenha sido o fato histórico mais importante do século 20 para o Brasil – do ponto de vista político e partidário. A partir daí, foi possível eleger centenas de trabalhadores e trabalhadoras das mais variadas profissões para diferentes cargos eletivos ao longo dos anos, popularizando o direito de participar da política, que antes era restrito aos letrados ou aos que tivessem dinheiro no bolso.
Por mais combatido e criticado que seja, principalmente por representantes conservadores e de direita, não é raro o partido ser reconhecido e elogiado pela força de sua militância e por sua democracia interna – tão ausentes em outros partidos. Essa é uma das marcas do PT desde que foi fundado, em 1980, e que se mantém ainda hoje.
Em seu 4º Congresso, o partido aprovou uma reforma de seus estatutos que ficará marcada pelo pioneirismo e inovação em muitos aspectos, em sintonia com o momento que o Brasil atravessa. Essas mudanças dinamizam o partido e deverão mais uma vez se transformar em uma referência dentro da política brasileira.
As novidades incluem a obrigatoriedade de 20% de jovens nas direções partidárias, a recomendação de 20% de representante étnico/racial e a paridade para as mulheres nas direções – aqui temos que lembrar que o PT já estabelecia 30% de participação feminina em seus cargos de direção e chapas eletivas antes mesmo da lei eleitoral. Outra medida importante foi a aprovação do limite de candidaturas ao máximo de três mandatos parlamentares consecutivos – e dois no caso específico dos senadores. Essa determinação permitirá que novas lideranças apareçam, estimulando a formação de novos quadros para o parlamento em todos os níveis.
São medidas que, além de permitir a renovação e a oxigenação do partido, poderão servir para apontar novos rumos na discussão que tramita no Senado Federal sobre a Reforma Política. Espero que os deputados e senadores de outras agremiações sejam sensíveis a essas mudanças e possam definitivamente fazer as alterações na lei para aprimorar nosso sistema político. A contribuição do PT já foi dada. Cabe agora as outros também fazerem sua lição de casa.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna