Na semana passada destacamos neste espaço a virada do Impostômetro que registrou a arrecadação de um trilhão de reais em impostos neste ano, 35 dias antes do que no ano de 2010.
Dois dias depois, a presidente Dilma e os ministros da área econômica anunciaram mais um aumento de tributos! Chamado de “novo regime automotivo” com uma canetada elevou o IPI dos carros importados, especialmente os vindos da Ásia e Europa e os que não tiverem pelo menos 65% de peças produzidas no Brasil.
As medidas pegaram de surpresa o mercado de automóveis importados que, de um dia para o outro, tiveram o custo de seus veículos elevados significativamente. O Brasil é um mercado livre.
Com a queda do dólar, foi estimulada a chegada destes veículos importados ampliando a boa concorrência de mercado. Vimos novas revendas sendo inauguradas, empresários nacionais fizeram seus planos de investimentos, apostando neste novo segmento. Empregos foram gerados nas novas concessionárias, pessoas foram contratadas e treinadas.
Para contar as novidades o mercado publicitário aproveitou a onda, a ponto do apresentador Fausto Silva ter sido contratado como garoto propaganda de uma marca recém chegada. Tudo isso acreditando que o Brasil é a bola da vez e seus consumidores merecem o melhor pelo menor preço. Será que é justo de mudar a política e nossa imagem no exterior para beneficiar a indústria automotiva nacional.
Esta nova concorrência já estava fazendo as montadoras nacionais reverem suas políticas de preços, trazendo-os para baixo, em benefício dos consumidores. Aumentar impostos é ir para o lado oposto, resultando no aumento do preço dos veículos, e gerando uma indústria nacional acomodada!
Ao invés de mais impostos e elevação de alíquotas que geram uma proteção tributária artificial, o que a indústria nacional juntamente com os trabalhadores precisam fazer é pressionar os governos para reduzirem a carga tributária, desonerarem a folha de pagamentos, promover a qualificação profissional, incentivar a inovação, para enfim podermos ter uma indústria forte a ponto de competir com os importados de qualquer lugar do mundo em um mesmo nível.
Aliás, no segmento das montadoras, indústria brasileira mesmo não existe. O que temos são as multinacionais americanas e alemãs, reclamando que os lucros remetidos às suas matrizes estão caindo devido à invasão chinesa. Quem vai pagar a conta é o consumidor brasileiro!
Wilson Lourenço
Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)