A notícia de que o Shopping Center Norte deveria fechar em 72 horas devido ao risco de se transformar em uma bomba prestes a explodir pegou todos de surpresa. Inaugurado há 27 anos, o centro de compras mais importante da zona norte foi construído sobre um antigo lixão. Agora, a Cetesb e a Prefeitura de São Paulo, por meio de medições, comprovaram que o gás metano chega a 5% do total da composição do ar no local.
Mas se há risco, comerciantes, comerciários e consumidores perguntam por que só agora houve a iniciativa de pedir a interdição do shopping? Por que foi dada a autorização para a sua construção em 1979 e para a sua inauguração em 1984? São perguntas sem respostas, mas que certamente deveriam ser aprofundadas e investigadas. Talvez tenha sido pura sorte nada de grave ter ocorrido até agora.
Foi por meio de uma autorização judicial concedida que o shopping conseguiu manter suas atividades normais. Porém, o público consumidor, ressabiado com as notícias, evitou o centro de compras neste último final de semana. Outras implicações jurídicas complexas devem começar a surgir nos próximos dias. Como as vendas despencaram os comerciários, que vivem de comissões e agora trabalham com medo, poderão exigir adicional de risco e uma solução para seus salários deste mês. Por conseqüência, é provável que os lojistas suspendam os pagamentos dos aluguéis das lojas até a solução do problema. Caberá até uma indenização pelos lucros que não irão auferir neste importante período do ano, em que se aproxima o dia das crianças e as vendas de natal.
O empreendimento por sua vez teve sua imagem prejudicada junto aos consumidores mais fiéis e atentos. Esses ficaram sabendo que o shopping sabia do risco desde 2003 e somente agora instalou os equipamentos para “drenar” o gás metano.
Por outro lado, o shopping teve seu projeto de construção aprovado pelos órgãos municipais, recebeu os alvarás de funcionamento que permitiram explorar mais de 300 lojas no local. Nos terrenos vizinhos a Prefeitura de São Paulo construiu os primeiros Cingapura, o Governo do Estado implantou o DEIC! Na área explosiva ainda está o Novotel, o Lar Center e o conjunto de espaços de exposição. Recentemente uma grande loja de varejo, uma de material de construção e outra de móveis, foram inauguradas na região.
Enquanto a solução não aparece, vamos aproveitar e prestigiar o comércio de Guarulhos, que pode suprir tudo o que nossos consumidores desejam, muito mais perto e sem risco de explosão!
Wilson Lourenço
Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)