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Sem reforma, vícios continuam

Os prazos para trocas partidárias visando às eleições do próximo ano se encerraram no último dia 7. Como parlamentar da Câmara Municipal, pude acompanhar de perto as movimentações partidárias de meus colegas e ver se repetir os mesmos comportamentos, as mesmas disputas.
Presidentes de partidos assediando filiados de outro com inúmeras promessas de “incentivos” para que se tornassem précandidatos por suas legendas; traições, trocas e defecções de última hora “enlouquecendo” vereadores e dirigentes, sumiço de presidentes de seus diretórios para não protocolarem filiações ou desfiliações indesejadas. Muitas histórias dignas de fazerem parte em folhetim humorístico ou de quadros cômicos de TV. Na verdade, seria cômico se não fosse lamentável.
Comento sobre isso neste espaço, pois julgo que a reforma política cada vez mais se faz necessária. Não é à toa que pesquisas apontam que mais de 70% da população têm esta expectativa.
Muito tem sido comentado sobre esta reforma; sobre a necessidade do financiamento exclusivamente público das campanhas, a fidelidade partidária, a forma do voto e das coligações, entre várias outras. Mas pouco se tem falado a respeito dos estatutos e regimentos dos partidos; ou sobre a necessidade de instrumentos democráticos para reger as gestões partidárias.
Não tenho dúvidas de que meu partido, com sua prática de democracia interna e participação dos filiados nas principais decisões partidárias, tem muito a contribuir. O PT cresceu em tão pouco tempo por causa de seu dinamismo interno, pela força do debate democrático de seus militantes. Seria muito positivo para nossa democracia que outros partidos também tivessem essa prática participativa.
A reforma política também deveria tocar nesses aspectos, se quisermos partidos mais fortes e representativos. Se quisermos o fim das legendas de aluguel e das negociatas intermediadas por dirigentes oportunistas que fazem da política um meio de vida, é preciso que a reforma atue nessa direção. Os partidos precisam ser modernizados. O mundo mudou em todos os seus segmentos; apenas na forma de se fazer política é que verificamos resistência à mudança. Chegou o momento; aliás, acredito até que já tenha passado a hora. A política, quando é feita com respeito à democracia e em prol do bem estar das pessoas e das comunidades, sempre será uma tarefa digna. O Congresso e a sociedade brasileira precisam se mobilizar em torno disso, pois a desvalorização da política enfraquece a democracia e só fortalece as alternativas autoritárias e populistas.


José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna

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