A entrada da polícia militar no campus da USP que originou a revolta dos estudantes e a ocupação da Faculdade de Filosofia mostra o quanto nossos futuros líderes estão distantes da realidade do mundo que vivemos. Argumenta-se que o episódio é pano de fundo para reclamar de outras medidas que estão incomodando os estudantes, mas o fato é que a própria comunidade acadêmica meses atrás exigia mais segurança no “território livre”.
Conviver em sociedade pressupõe direitos e deveres. Os estudantes da USP sabem disso! É incompatível, em um mesmo local, ter a segurança desejada e praticar atos ilícitos, como ainda é o consumo de drogas.
De um lado o governo se empenha em restringir o consumo de álcool e do tabaco. De outro, parte dos alunos da melhor universidade do país resolve “lutar” pela liberdade de consumir drogas “sossegados”. Estariam eles alienados a cerca do problema das drogas no Brasil? Será que desconhecem as tragédias que o consumo de drogas tem produzido nas famílias brasileiras?
Diferentemente dos usuários da “cracolândia”, neste episódio o uso de drogas não se justifica pela desestruturação familiar, a falta de lazer, a ausência de oportunidades, de informação, de amor e outras causas sociais. Pelo contrário, são estudantes de curso superior, bem preparados, inteligentes que estudam filosofia, letras e ciências sociais e que em breve estarão preparados para educar outros jovens!
A realidade fora dos muros da USP é outra. Em várias escolas, comenta-se que alunos da rede pública entram para as aulas alcoolizados ou drogados. Adquirem bebidas nas proximidades de comerciantes que mal sabem que ao vender bebidas para adolescentes estão cometendo um crime e sujeitos as sanções da nova lei estadual. As drogas não são vendidas abertamente, mas em compensação são consumidas sem qualquer pudor. Professores e diretores clamam por segurança.
A prevenção mais eficiente para evitar o uso de drogas é a informação. É preciso ensinar as crianças e adolescentes a recusá-las e alertá-las sobre os riscos que causam ao organismo e ao convívio social. Campanhas promovem encontros com ex-dependentes que relatam suas experiências para outros jovens, causando impactos imediatos e sempre esclarecedores. Como os envolvidos no “protesto” da USP poderão prevenir isso no futuro?
Wilson Lourenço
Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)