Com o propósito de estreitar relações sindicais com outras organizações sociais e refletir sobre a implantação de políticas de desenvolvimento ambientalmente sustentáveis, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) em conjunto com a Confederação do Sindicato dos Trabalhadores da América (CSA), Fundação Friedrich Ebert no Brasil e Instituto para o Desenvolvimento da Cooperação e Relações Internacionais, realizaram durante a semana, o Seminário Internacional Rio+20.
As crises européia e dos Estados Unidos, segundo as análises feitas pelos especialistas presentes, apontam para um esfriamento das intenções quanto a adoção de medidas para discutir um modo de produção e consumo sustentáveis. Isso pelo fato óbvio dos governos estarem mais preocupados em operar de forma ágil, medidas drásticas para reagirem à crise.
A situação brasileira que é oposta ao do Velho Continente – vivemos em pleno crescimento econômico – traz componentes adversos à discussão de uma política de consumo sustentável, exatamente pela nova realidade que tem permitido ascender milhares de famílias ao consumo dos mais variados produtos.
Esse realmente é um debate espinhoso para os defensores do meio ambiente. Afinal quem está mergulhado numa crise sem precedentes, tende a focar todos seus esforços e preocupações para investir na produção. Já quem vive o cenário da bonança como o Brasil, a China, e a Índia, quer manter seus padrões de consumo e crescimento econômico.
Sem dúvida, restará aos movimentos ambientais e sociais se articularem e se unirem mundo afora em torno de propostas que possam reconfigurar a ideia de bem público, papel do Estado, da justiça ambiental e dos direitos sociais.
No Brasil, um dos desafios do movimento sindical – que domina a arte das negociações em torno do crescimento econômico, salários e emprego – será se preparar para propor e pautar, nos processos negociais com os patrões, o desenvolvimento sustentável. Não será uma tarefa fácil, pois nossos dirigentes sindicais não estão familiarizados com esse tipo de discussão, que envolve o domínio de um conjunto grande de valores humanos e conceitos socioambientais.
Acredito que o Brasil tem ótimas chances de pautar seu crescimento econômico sedimentado em políticas sociais de caráter universal, integral e sustentável. A Presidenta Dilma Rousseff tem procurado nortear seu governo.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna