Definitivamente, nossos irmãos de subcontinente respiram hoje novos e bons ares. A criação, na semana passada, da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC), reunindo 33 países, estabelece a prova mais verossímil de que, pela primeira vez na história da política latino-americana, passos concretos são dados na direção de um processo de cooperação, colaboração e integração nas áreas econômicas, social e política de todo o subcontinente latino-americano. A presença ativa do Brasil por meio da nossa presidenta Dilma Roussef nas mesas de debates reforça a liderança positiva que nosso País vem exibindo ao longo dos últimos anos. Sem dúvida para o Brasil significará a ampliação tanto do espaço e do diálogo político quanto dos projetos de cooperação em toda América Latina e Caribe. Esses mecanismos a serem construídos dentro da CELAC deverão qualificar os debates em torno de posições integradoras e estimuladoras do desenvolvimento regional. Isso possibilitará que toda a região possa formar, no médio e longo prazo, uma identidade própria, algo que foi negado principalmente por décadas de hegemonia norte-americana na América Latina. Aliás, a decisão pela não-participação dos Estados Unidos e do Canadá e o convite à integração com Cuba – que alivia o bloqueio econômico americano e, principalmente, acaba com o isolamento diplomático imposto em 1961, quando Havana foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) – revela que a CELAC se inicia com características muito peculiares. Também não podemos deixar de mencionar o momento político desta decisão. Exatamente quando os EUA e a Europa mergulham numa das mais profundas crises econômicas, nossa América, com os diversos governos progressistas e nacionalistas, dá o exemplo ao mundo invocando e implantando em seus países políticas públicas inclusivas e geradoras de emprego, renda políticas neoliberais ainda em vigor nos países desenvolvidos. Para finalizar, é notável destacar que, em sua cúpula de criação, os 33 países da CELAC assinaram uma cláusula de defesa da democracia que prevê a exclusão de país onde haja golpe de Estado e só permite o seu retorno quando a normalidade democrática seja restabelecida. Enfim, o Brasil avança, e hoje podemos olhar ao lado e vermos nossos irmãos latino-americanos fazendo o mesmo. José Luiz Guimarães Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna