O Rock in Rio anunciou na tarde desta quarta-feira, 25, as primeiras novidades com relação à próxima edição do evento, que será em 2019. Uma nova área de shows com o nome de Espaço Favela. Em um texto à imprensa, a iniciativa é apresentada assim: “Com uma cenografia grandiosa, lúdica e bem colorida, vai retratar a pluralidade cultural das comunidades do Rio de Janeiro. O objetivo é amplificar o olhar sobre as favelas e reforçar a esperança a partir da movimentação da economia criativa. O palco trará a reunião de talentos da música e em seu entorno haverá um retrato da culinária presente nas comunidades do Rio de Janeiro. O Rock in Rio vai evidenciar novos talentos não apenas para o festival, mas para o país e para o mundo.”
O empresário Roberto Medina, idealizador do festival, fala em “retratar a alegria dos moradores das comunidades” e rebate críticas que podem vir com o uso do termo favela no título do espaço, considerado pejorativo por algumas pessoas. “Não podemos ter vergonha do termo. O cara que mora na favela diz favela, e não gosta quando ouve dizerem comunidade.” Medina diz que vai doar mil ingressos aos moradores dessas regiões para facilitar o acesso à Cidade do Rock no dia do evento.
A curadoria do palco será do músico Zé Ricardo, que já cuida do palco Sunset, especializado em unir artistas para apresentações inéditas. Ele pretende olhar para nomes de destaques em gêneros como samba, funk, MPB, grupos de percussão e orquestras. “Aqui, não teremos assistencialismo”, diz Zé Ricardo, no texto de imprensa. “Queremos evidenciar o que é bom nas comunidades, não falta gente com conteúdo relevante para somar na cena artística do festival. A favela é sim um caldeirão de criatividade, de vários estilos.”
O potencial de impulsão na economia criativa de setores das comunidades pode ter nos números uma perspectiva otimista. O Rock in Rio, reconhecido como maior evento de música e entretenimento do mundo, soma de 1985 (sua primeira edição) até hoje 17 edições, 108 dias de apresentações e 1.748 atrações musicais. Mais de 9,2 milhões de pessoas foram espectadoras diretas nas Cidades do Rock e 143 milhões foram impactadas pelas redes sociais, com 41,9 milhões de visualizações de vídeos nas redes durante os dias de evento.
Depois de trabalhar com talentos das comunidades do Rio de Janeiro, a direção do festival promete expandir a ideia, trazendo nomes de outras regiões do País. A identificação dos artistas nas favelas terá a ajuda de entidades como o grupo Cultural Nós do Morro, que já está trabalhando para um espetáculo de dança que vai ocorrer no espaço.
A ideia do palco será a de se tornar um ambiente também para impulsionar negócios de microempreendedores a partir do investimento nos talentos da gastronomia das comunidades. Com orientação do Sebrae, a organização do festival promete oferecer uma oportunidades para os pequenos negócios, que poderão estar em contato com cerca de 700 mil pessoas ao longo de todo o Rock in Rio. Após o evento, o Rock in Rio cederá os equipamentos para suas cozinhas, possibilitando assim a continuidade e alavancagem do seu negócio.