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Mais espaços para mulheres

Os avanços sociais não acontecem de uma hora para outra. A história nos ensina que os avanços reais, ou seja, aqueles que são conquistados e assegurados, dependem de um tempo maior para se consolidar.


E por quê? Porque dependem de mudanças de comportamento, de novos padrões culturais, de alterações nas leis e, muitas vezes, do aparelhamento e adequação dos próprios órgãos do Estado.


Essa regra se aplica também à questão da mulher, cuja data mundial é amanhã, 8 de março. Essa data, como se sabe, tem origem nas lutas trabalhistas. Sua marca é o 8 de março de 1857, quando operárias têxteis da cidade de Nova Iorque foram trancadas na fábrica e mortas por causa de incêndio provocado pelo próprio patrão. Elas combatiam a jornada de 16 horas diárias.


Outra luta histórica da mulher foi pelo direito de votar. E foi uma luta ampla e demorada, que durou cerca de um século. O Brasil, surpreendentemente, não ficou esperando o mundo resolver a questão para só depois tomar uma atitude. Em 24 de fevereiro de 1932, no primeiro governo de Getúlio Vargas, as brasileiras conseguiram o direito de votar.


No setor sindical, também há avanços. No caso metalúrgico, por exemplo, já asseguramos licença-maternidade de 180 dias para a maioria das trabalhadoras de nossa base. O mesmo direito se estende a um número significativo de mães-adotantes. Mas ainda resta muita discriminação, que afasta a mulher das melhores oportunidades, dos postos de direção e dos salários maiores.


O século 20 foi marcado pela ampliação das conquistas femininas e por uma crescente participação da mulher em todos os setores econômicos, políticos, sociais, culturais e esportivos. Da luta sindical à militância ecológica, por onde se olhe, se distingue a presença feminina. Eu não tenho dúvida de que a emancipação da mulher é a grande conquista política, social e cultural da época moderna.


Outro setor onde a mulher avança é na política. Observe que os dois principais países da América do Sul – Brasil e Argentina – são presididos por mulheres. E mulheres com posições políticas progressistas, comprometidas com a soberania e a inclusão social.


Eleições – A proximidade das eleições municipais nos obriga a olhar o ambiente político com mais profundidade. E ao fazer essa observação, naturalmente, surgem também constatações. Por exemplo: há poucas mulheres na Câmara Municipal. Pior: há menos mulheres ainda à frente das Secretarias da Prefeitura. Penso, portanto, que está aí uma oportunidade para a mulher guarulhense defender suas bandeiras, debater as questões femininas e ampliar seu espaço político.


Não tenho dúvida: toda a sociedade ganhará quanto mais mulheres tiverem espaço, força e representação.


 


José Pereira dos Santos


Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região


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