Nesta semana, trabalhadores e empresários se colocaram no mesmo lado do balcão para o Grito de Alerta, realizado na quarta-feira no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo. O motivo desta união, por mais que possa ser usada como palanque eleitoral por alguns, é mais do que nobre: a união de forças do setor produtivo para a garantia do emprego.
Neste sentido, por mais que a legislação trabalhista brasileira coloque em lados opostos patrões e empregados, a evolução da sociedade revela que todos estão no mesmo barco. O que é ruim para um, invariavelmente, será danoso para o outro e vice-versa. Assim, muito mais importante que os movimentos que só exigem dos empregadores sem que se garantam contrapartidas para motivar a produção, é a conscientização de que todos devem fazer a sua parte.
Sempre reitero que onde há direitos também existem deveres. Porém, muitos preferem apenas brigar pelo primeiro sem se dar conta de que – numa democracia – é necessário participar de forma efetiva, seja com a força do trabalho, com recursos ou mesmo abrindo mão de determinados benefícios.
Assim, a união entre empresários e trabalhadores só pode ser comemorada. E mais: que se torne algo efetivo nas relações em busca de um Brasil melhor, onde se privilegie os setores produtivos onde todos saiam ganhando. Insistimos na tese de que devemos produzir mais, melhor e mais barato. E não há outra forma de se obter sucesso que não seja com a participação de todos, incluindo a esfera pú blica, infelizmente hoje a que menos faz.
O pacote de medidas econômicas anunciadas pelo governo federal, também anunciado nesta semana, como outros dessa adminsitração, peca por não trazer novidades que facilitem a vida dos empresários e, como consequência natural, a dos trabalhadores. Apenas onerar mais os produtos importados, sem a contrapartida de incentivo à indústria nacional, com a efetiva baixa da carga tributária, somente servirá para empurrar os problemas com a barriga.
Faltam ações voltadas ao desenvolvimento, que incentivem de forma real os setores produtivos, que podem sim – devidamente valorizados – gerar riquezas ao país e auxiliar na distribuição de renda a todas as camadas da população. Mas – diferente disso – a administração pública mantém a velha fixação de somente arrecadar mais. Por isso, o movimento contra a desindustrialização deve seguir coeso, até que nossos governantes entendam que o desenvolvimento do país passa pelo produtivismo.
Carlos Roberto de Campos
Empresário, suplente de deputado federal e presidente do PSDB Guarulhos