Variedades

Temporada de óperas do Municipal tem obras célebres

O Teatro Municipal de São Paulo abre neste sábado, 12, com montagem de La Traviata, de Verdi, sua primeira temporada de óperas completa sob a gestão do Instituto Odeon, que aponta para a escolha de títulos consagrados como identidade artística da casa. Além de La Traviata, serão apresentadas ainda O Cavaleiro da Rosa, de Strauss; Pelléas et Melisande, de Debussy; e Turandot, de Puccini.

“Queríamos abrir o ano com um grande e conhecido título”, diz Roberto Minczuk, regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal. A produção, assinada pelo diretor Jorge Takla, foi emprestada do Palácio das Artes de Belo Horizonte, onde estreou em abril, e tem orçamento de R$ 1 milhão. Cenários e figurinos são os mesmos, assim como parte do elenco, que tem estrelas como o tenor Fernando Portari, o barítono Paulo Szot e a soprano Jaquelina Livieri.

Nas últimas cinco décadas, La Traviata ganhou uma nova produção em São Paulo em média a cada dois anos e meio. Foram, ao todo, 24, 17 delas no Municipal. Ao completar a quarta das dez apresentações da atual temporada, a ópera vai se tornar a mais encenada em São Paulo desde o início dos anos 1950, com total de 77 récitas, deixando para trás títulos como Madama Butterfly, Tosca e Carmen.

A aposta em títulos tradicionais chama atenção em comparação com outros teatros. O Festival Amazonas deste ano, por exemplo, incluiu duas estreias de autores brasileiros – Dessana, Dessana, de Adelson Santos, e Kawah Ijen (O Vulcão Azul), de João Guilherme Ripper – ao lado do mais tradicional Fausto, de Gounod. No Teatro São Pedro, em São Paulo, a programação inclui raridades do checo Leos Janácek, um autor barroco (Händel) e um do século 20 (Britten).

Minczuk acredita, no entanto, que a questão precisa ser vista em perspectiva. “O Cavaleiro da Rosa, por mais tradicional que seja, nunca foi produzido em São Paulo. Turandot não é montada aqui desde os anos 1990. Precisamos dar oportunidade a quem quer conhecer a ópera. Não há crise de público para o gênero. Abrimos duas récitas extras de Traviata, sendo uma delas gratuita, na Virada Cultural, por conta da alta demanda. Há um público jovem ávido, que quer ver ópera pela primeira vez.”

Ainda assim, o maestro acredita que, para os próximos anos, não apenas mais títulos devem ser produzidos (O Teatro Colón, de Buenos Aires, por exemplo, tem 12 óperas em sua temporada contra as 4 de SP), como o teatro deve se abrir a um leque mais amplo de títulos. “Este ano vamos fazer, em versão de concerto, a Piedade, de Ripper. Mas queremos, nas próximas temporadas, encomendar títulos para autores brasileiros, trazer obras mais modernas.” A programação do teatro é feita por um conselho artístico do qual fazem parte, além de Minczuk, nomes como Ismael Ivo, diretor do Balé da Cidade, e André Sturm, secretário municipal de Cultura.

Planejamento

À frente do Municipal desde setembro, e sem experiência prévia na gestão de teatros dedicados à música clássica e à ópera, o Instituto Odeon encomendou pesquisa que vai dar origem ao que o diretor da instituição Carlos Gradim chama de “planejamento estratégico”. Ele vai pautar não só caminhos da programação como também a relação do Odeon e a Prefeitura e o papel que terá a Fundação Theatro Municipal, que gere as escolas de música e bailado e a Praça das Artes.

Questionado sobre o tema, o Odeon respondeu em nota oficial que o planejamento estratégico “tem previsão de entrega para a Fundação Theatro Municipal de SP e posterior divulgação para a sociedade em junho”. “O documento está sendo feito com base nos relatos de diversos stakeholders internos e externos, pesquisa com colaboradores, análises de documentos e benchmarking com instituições nacionais e internacionais.” O Odeon não adiantou conclusões que estarão no planejamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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