Há 20 anos, uma massa popular, formada por caras-pintadas, invadiu as ruas das principais cidades brasileiras exigindo o impeachment do presidente Fernando Collor, eleito com 35 milhões de votos contra 31 milhões do segundo colocado, o ex-sindicalista Lula. Em São Paulo, 750 mil jovens pintados transformaram o Vale do Anhangabaú em um mar verde e amarelo.
No poder, Collor foi acusado de corrupção, desvio de dinheiro e outros crimes que provocaram a sua saída da Presidência da República, e o tornaram inelegível por oito anos.
Duas décadas se passaram e nada mudou na política brasileira. Personagens daquele passado turvo estão mais vivos que nunca, e pior: envolvidos em mais um escândalo político de fazer tremer os alicerces da Casa da Dinda, onde Collor residiu em Brasília.
Os caras-pintadas de ontem, e toda a população, assistem hoje espantados o desenrolar do escândalo do mensalão, esquema de compra de votos dos deputados para garantir a governabilidade de Lula, que chegou à presidência em 2002, sendo reeleito em 2006.
Hoje, o mensalão é julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Empresários e políticos, como o deputado petista João Paulo Cunha, já foram condenados. A podridão é tamanha que o esquema de corrupção não só nos causa indignação, mas nós dá o sentimento de que pouca coisa, ou quase nada, mudou na política brasileira. Mas, ainda há esperanças de que a luta dos caras-pintadas não tenha sido em vão.