Conflitos políticos, manifestações violentas e polarizações – não só no Brasil – somam-se aos impactos da quarentena e tornam os dias bem intensos para todos. E o cenário impacta o mercado de forma imprevisível. Neste caos, as bolsas em todo o mundo voltaram a respirar, com altas sequenciais. Porém, ainda não sabemos o quanto elas serão sustentáveis, pois as atividades econômicas ainda não voltaram “de fato”. E os bancos centrais injetam cada vez mais recursos nas economias, o que é extremamente prejudicial no longo prazo.
Em meio a tanta informação e instabilidade, resolvi bater um papo com meus seguidores no Instagram (@dani_rolim) para saber quais eram suas principais dúvidas. E a maioria deles tem necessidade de descobrir qual deve ser a herança do isolamento social nos nossos hábitos de consumo.
O primeiro hábito que observei nesta quarentena, sem dúvida, é o aumento exponencial das compras online. Há quase 90 dias em distanciamento social e com os comércios fechados, observamos um crescimento acentuado desse tipo de venda. Pouquíssimos não se renderam ao modelo, seja para pedir comida, itens de supermercados, de beleza, saúde ou livros. Muitos afirmam, inclusive que migrarão definitivamente para o consumo online.
Mas a praticidade pode levar a uma perigosa compulsão e, consequentemente, a um grave endividamento.
Outro hábito que notei foi o do aumento na procura das pessoas por seguros de vida, provavelmente preocupadas com as consequências da pandemia na sua saúde e na de seus familiares.
Tanto um hábito quanto outro me levam à conclusão de que não poderia haver melhor herança dessa pandemia que não fosse o despertar das pessoas sobre a importância da educação financeira.
A crise econômica causada pelo coronavírus deixa claro o quanto poucos ainda se deram conta da necessidade de fazer uma boa reserva de emergência (aquele recurso que fica aplicado com liquidez diária, baixa volatilidade e baixo risco, sabe?). O momento atual mostra que boa parte das pessoas tiveram queda em sua receita, o que poderia ser resolvido com um planejamento financeiro e uma boa reserva.
Voltando aos perigos da tentadora praticidade das compras online, a educação financeira também é capaz de ajudá-lo a permanecer atento e, junto com a família, construir modelos de gestão desse consumo digital. Que ele seja limitado ao teto de seu cartão de crédito; que se evite compras parceladas; que se busque listar itens que são realmente essenciais; e que se monte orçamentos, para não comprar sem pesquisar preços.
Vemos todos os dias diversas campanhas de incentivo ao consumo de pequenos empresários e de negócios locais. E isso é muito legal! Precisamos mesmo apostar na nossa economia para que os empregos voltem com força e as rendas se restabeleçam. Mas, com educação financeira, é possível ajudar. E, de quebra, também de manter o bom hábito do consumo consciente.
Daniella Rolim, CFP®, é graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Banking e tem MBA em Gestão de Negócios e Finanças. Educadora financeira formada pela DSOP, é planejadora financeira com certificação internacional CFP e diretora comercial da Flap Capital