O jornalista e escritor Audálio Dantas morreu nesta quarta-feira, 30, aos 88 anos, no Hospital Premiê, em São Paulo, onde estava internado desde abril. Ele lutava contra um câncer de intestino desde 2015.
Entre 1975 e 1978, Dantas foi o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. No período, foi uma das vozes mais contundentes do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura no Doi-Codi, contrariando a versão oficial do governo, que falava em suicídio.
Dantas é considerado o principal responsável por transformar o sindicato da categoria em um órgão de oposição à violência estatal e de defesa dos Direitos Humanos. “Foi um grande lutador social, com várias facetas. A democracia brasileira é devedora de Audálio. Nesse momento delicado da nossa democracia, ele fará muita falta. Foi um homem de coragem em um momento de sombras. Ele é uma referência”, disse Martim Sampaio, Coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP.
Alagoano, nascido na cidade de Tanque DArca, Audálio começou sua carreira em 1954 como repórter do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). Ele foi chefe de reportagem de O Cruzeiro e também trabalhou em publicações como Quatro Rodas, Veja, Realidade, Manchete e Nova.
Como escritor, lançou diversos livros, entre eles “As duas Guerras de Vlado Herzog” (livro vencedor do Prêmio Jabuti), “Graciliano Ramos” e o “Menino Lula”.
Dantas foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Em 1979, foi eleito deputado federal de São Paulo pelo antigo MDB e era parte do conselho consultivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
Em 1981, recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU por sua atuação em prol da defesa dos direitos humanos. O velório será realizado no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo.