Variedades

Sergio Rodrigues ganha exposição sobre sua trajetória no Itaú Cultural

Na história do design brasileiro, Sergio Rodrigues tem um capítulo especial. Conhecido por projetar móveis que uniam conforto e estética, como a icônica poltrona Mole, o carioca tinha a arquitetura como paixão e uma história familiar de arte e tragédia. Para homenageá-lo, o Itaú Cultural inaugura neste sábado, 9, a mostra Ser Estar, que reconta toda a sua trajetória, pessoal e profissional, em parceria com o Instituto Sergio Rodrigues.

Para falar sobre os 60 anos de carreira de Sergio, morto em 2014, foi montado um time de curadores que selecionou mais de 500 peças, entre móveis, maquetes, desenhos, documentos e fotos. Daniela Thomas, Mari Stockler, Felipe Tassara e Fernando Mendes se debruçaram sobre milhares de itens do arquivo do designer desde o início do ano. “Escolher foi difícil. São tantos materiais, mas é preciso pensar numa linha narrativa”, confessa Fernando, parente de Sergio e presidente do instituto sobre o arquiteto, no qual a maior parte dos arquivos sobre ele está catalogada.

“Sergio era um acumulador”, brinca Daniela Thomas sobre o grande arquivo deixado por Rodrigues, com cadernos e documentos que datam desde a sua infância. “Não quisemos um olhar acadêmico, mas, ao contrário, nos deixamos impregnar pelo personagem, por tudo o que ele guardou e por que ele achou importante guardar”, analisa. “Ele deixou pistas e nós tentamos seguir.”

A mostra ocupa os três andares expositivos do Itaú Cultural e segue de forma cronológica. Começa no segundo subsolo, com fotos e documentos sobre a infância de Sergio, e segue até suas primeiras criações, como o banco Mocho (1954), e a abertura da sua loja Oca, em 1955. No primeiro subsolo, uma reprodução de desenhos de Millôr Fernandes para a Oca abre seção de cadeiras, poltronas e sofás. Foram mais de mil criações ao longo da vida. A mais recente, a poltrona Benjamin, ficou pronta pouco antes de sua morte.

No andar, está também a Mole, icônica criação de 1957, com o objetivo de promover conforto, com o estofado jogado sobre a estrutura de madeira. Por conta da casualidade da poltrona, ela venceu o 4º Concurso Internacional do Móvel, na Itália, em 1961. “Sergio tinha uma atenção pelo copo humano e fazia reflexões que ninguém fazia. Mesmo em seus desenhos, as pessoas sempre aparecem confortáveis e relaxadas”, diz Mari Stockler.

No primeiro andar, a exposição se encerra com sua trajetória como arquiteto, com maquetes, documentos, e a reprodução, em escala 1×1, de um dos ambientes de um de seus protótipos de moradia pré-fabricada, apresentados pela primeira vez no Museu de Arte Moderna do Rio nos anos 1960. Numa sala ao fundo desse andar, o público finalmente vai poder sentar em algumas das criações de Sergio, e experimentar o conforto projetado por ele.

Em todos os andares expositivos, o próprio Sergio guia a mostra em vídeos feitos por Mari Stockler por conta de outra exposição. “Ele fez obras importantes e tinha um pensamento que é pouco conhecido”, explica. “Decidimos que a exposição não teria textos críticos, as frases e vídeos são de uma conversa que tive com ele. É como se você fosse viajar com um senhor de idade, que conversasse sobre toda a sua a vida.”

MOSTRA SERGIO RODRIGUES
Itaú Cultural. Av. Paulista, 149. Tel. 2168-7777. 3ª a 6ª, 9 às 20h. Sáb., dom. e feriados, 11 às 20h. Gratuito. Até 5/8.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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