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Igiaba Scego conquista a Flip com discurso contundente e amor por Caetano

Por onde passa, a italiana Igiaba Scego conquista o público com seu sorriso largo e seu discurso contundente acerca das grandes questões que inquietam o mundo, como os refugiados e o racismo. A mesa que dividiu na Flip 2018, na sexta-feira, 27, com o poeta Fabio Pusterla, foi uma das mais comentadas e aplaudidas do evento que termina neste domingo. Lá, chegou a dizer que o Mediterrâneo virou um cemitério.

Filha de somalis, jornalista e escritora formada em literatura moderna, ela voltou a encantar as pessoas neste sábado, 28, ao falar, na Casa Paratodxs, que reúne editoras independentes, sobre uma de suas maiores paixões: Caetano Veloso.

Ela é fã mesmo, a ponto de segui-lo nos shows, de tentar entrar no camarim, de ser reconhecida pelo ídolo. “Você cortou o cabelo”, disse Caetano a ela certa vez. Era verdade.

Igiaba Scego, 44, escreveu até um livro sobre ele, Caminhando Contra o Vento, que está sendo lançado na Flip pela Nós e pela Buzz. Já tinha saído na Itália, numa coleção chamada Incêndio, com ensaios de escritores sobre suas paixões – teve até Mickey Mouse na série. Caetano conheceu a obra na época e, quando soube que seria lançada aqui, disse a ela: “Depois de tantos anos me seguindo, você finalmente vai ao Brasil”, contou, e riu, a autora em Paraty. Ao seu lado estava Simone Paulino, escritora e sua editora, que falou sobre Clarice Lispector – paixão que transformou no livro Clarice Lispector Pode Mudar a Sua Vida.

“A música do Caetano foi importante para compreender a complexidade desse País de tamanho continental. Tenho um sentimento de gratidão para com ele. Com suas palavras, também pude entender a confusão dentro de mim”, revela.

É fã também de Bethânia, e chegou a pedir ao público que fizesse uma petição para ela se apresentar de novo na Itália. Quando ela foi, anos atrás, Igiaba perdeu o show.

Ela, que conhecia o Brasil por meio de estereótipos reforçados por programas populares de televisão, contou que não foi só a música que a ajudou a compreender o País. “Graças a Clarice Lispector e a autores contemporâneos como Luiz Ruffato, eu pude ir além desses estereótipos”, diz Igiaba, autora, ainda, dos romances Adua e Minha Casa é Onde Estou (Nós).

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