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Mostra une arte latina e do Leste Europeu

Mesmo tão distantes, e numa era em que ainda não havia internet, a América Latina e a Europa Oriental viram o desenvolvimento simultâneo da arte cinética e ótica entre os seus artistas, entre os anos 1950 e 70. Para traçar os paralelos e comparar as produções nos dois continentes, uma exposição no Sesc Pinheiros, em São Paulo, aberta a partir desta quinta-feira, 9, aproxima alguns dos principais artistas da época.

O Outro Trans-Atlântico: Arte Ótica E Cinética No Leste Europeu e na América Latina Entre os Anos 50 e 70 reúne cerca de 100 obras, de mais de 30 artistas e coletivos. Idealizada pelo Museu de Arte Moderna de Varsóvia, na Polônia, e depois de uma passagem pelo Garage Museum of Contemporary, de Moscou, na Rússia, a mostra chega ao Brasil como uma oportunidade de mais aprendizado para o seu trio de curadores, a polonesa Marta Dziewaska, pesquisadora e curadora do Museu de Varsóvia, em conjunto com Dieter Roelstraete e Abigail Winograd. “O público pode perceber algumas lacunas de conhecimento dos curadores, por sermos do outro lado do Atlântico”, observa Marta, que veio ao País acompanhar a montagem da mostra. “Mas é por isso que viemos para cá, é um jeito de expandir nossa pesquisa. Aqui, temos mais artistas latinos.”

A ideia da exposição veio a partir de uma viagem de Roelstraete ao Rio, quando descobriu a obra do potiguar Abraham Palatnik, de ascendência russa. A partir daí, o museu da Varsóvia realizou uma conferência internacional, para estudar hipóteses sobre a relação entre a arte cinética e Op Art nos dois continentes. “Tivemos pesquisadores do Brasil, México, Romênia. A ideia nunca foi comparar, porque os contextos de cada país eram complexos, mas mostrar o espírito da época.”

Na pesquisa, dois pontos em comum entre os artistas de lá e cá se destacaram – e os dois têm movimento como palavra-chave. Um primeiro ponto vem do contexto político de violência em ambos os continentes. No Leste Europeu, havia o domínio da União Soviética. Na América Latina, as ditaduras apoiadas pelos EUA. “Os artistas estavam sonhando com uma sociedade diferente, um outro mundo”, acredita Marta. Nas obras cinéticas, o público é parte importante dos trabalhos, precisam usar o corpo e se movimentar para que a arte se movimente junto. “O que entendemos é que os artistas queriam criar uma arte mais democrática, com uma nova relação com o público.”

Também pelo histórico político, mas por outro viés, vem o movimento no sentido migratório. Boa parte dos artistas em exposição se cruzou pelo Atlântico. Europeus em fuga para a América Latina, e latinos em exílio na Europa. “Palatnik era filho de judeus russos. Um filho da diáspora”, exemplifica a curadora. “Mira Schendel saiu da Suíça, passou por Sarajevo e chegou a São Paulo, e usou a sua experiência de refugiada na arte.”

Para Marta, essa seria uma das hipóteses para o interesse em trabalhos com movimento na composição. “Objetos estáveis não conseguiriam falar sobre as experiências dessas pessoas.” Além dos já citados, a exposição conta ainda com artistas latinos e europeus como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Julio Le Parc, Carlos Cruz-Diez, Wojciech Fangor e Nicolas Schöffer.

O OUTRO TRANS-ATLÂNTICO Sesc Pinheiros. R. Paes Leme, 195. Tel. 3095-9400. 3ª a sáb., 10h às 21h; dom., 10h às 18h. Gratuito. Até 28/10.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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