O ciclo de canções O Amor do Poeta, de Robert Schumann, sobe ao palco nesta sexta, 31, sábado, 1º, e domingo, 2, no Teatro São Pedro de uma maneira diferente. Em vez do tradicional formato pianista/cantor solista, um jovem time de intérpretes brasileiros se une a bailarinos da São Paulo Companhia de Dança para interpretar as desventuras de amor de um jovem poeta narradas pelo compositor, símbolo do romantismo musical do século 19.
A direção cênica do espetáculo é de William Pereira, ao lado do pianista Ricardo Ballestero, que assina a direção musical. “Sempre ouvi muito Schumann e suas canções me fascinam. Quando dirigi meu primeiro espetáculo profissional, Leonce e Lena, de Büchner, nos anos 1980, já usava trechos do Dichterliebe (O Amor do Poeta) como trilha. Sempre enxerguei possibilidades cênicas nessas canções e planejava encená-las, em um espetáculo em que a narrativa fosse determinada pelas canções”, explica o diretor.
O ciclo Dichterliebe foi escrito em 1840 por Schumann para voz e piano. Ele é composto de 16 canções a partir de textos do poeta alemão Heinrich Heine. Natureza, amor, morte, poesia – as canções do compositor formam um inventário dos temas da arte do século 19. Pereira, por sua vez, fala em “caleidoscópio”. Segundo ele, o espetáculo está dividido em duas partes. Na primeira, segue-se a narrativa do ciclo, nas vozes da soprano Carla Cottini, da meio-soprano Luciana Bueno, do tenor Daniel Umbelino e do barítono Johnny França. Na segunda, Pereira e Ballestero selecionaram canções para quarteto vocal e duetos.
“A primeira parte, com o poeta, a musa, o romantismo alemão, tem uma abordagem visual e coreográfica mais romântica, com coreografias de Milton Coatti. Já na segunda parte, a coreógrafa Cassi Abranches partiu do trio formado por Robert Schumann, Clara Schumann e Johannes Brahms para criar a coreografia, com linguagem mais contemporânea, o palco todo aberto e figurinos modernos.” Brahms foi amigo íntimo do casal Schumann e nutriu durante anos uma paixão (platônica, acredita-se) pela pianista. “Nessa parte, construí uma dramaturgia que é como um caleidoscópio das relações afetivas. São as questões amorosas os fios condutores”, diz o diretor.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.