Um dos grupos de teatro que mais movimentou a cena paulista nos últimos dois anos, a Cia Mungunzá de Teatro, começa nesta terça-feira, 16, uma mostra de repertório em comemoração aos 10 anos, em sua sede, o Teatro de Contêiner.
Ao longo de uma década, o coletivo estreou cinco espetáculos e Epidemia Prata, o mais recente, abre a programação, até o dia 26/10. A montagem debate a percepção dos artistas sobre a o entorno da Cracolândia, a violência e problemas da própria arte teatral. Em seguida vem Poema Suspenso para Uma Cidade em Queda, de 2 a 12/11. “Remontar nos ajuda e rever a própria criação e enxergar o que se mantém relevante para nós nesse momento”, conta o ator Marcos Felipe.
A novidade fica com Luis Antonio-Gabriela que contará, pela primeira vez, com uma artista trans no elenco, a atriz Fabia Mirassos. Nos últimos dois anos, a peça chegou a ser criticada e atacada por não trazer artistas trans no elenco. Na comemoração, o grupo entendeu que abrir espaços e oportunidades tornou-se uma preocupação da atualidade. “Queremos ser artistas do nosso tempo”, conta Felipe. “Se inclui dar passagem para quem está pedindo, estamos felizes.”
Para Fabia, o ofício de atriz é o que a autoriza a viver inúmeros papéis. “Na interpretação posso fazer qualquer personagem, como já faço. Por outro lado, se uma história envolve alguém trans, temos que ser primeira opção.”
A peça, que faz temporada de 16 a 26/11 narra a vida trágica de uma travesti que deixa a família no Brasil para morar na Espanha. A montagem que já foi vista por mais de 50 mil pessoas, um marco para grupos teatrais deste quilate. “Foi nossa segunda peça e com ela nos alicerçamos artisticamente e financeiramente.”
A mostra segue com Porque a Criança Cozinha na Polenta, de 30/11 a 10/12. E encerra com a peça infantil Era uma Era (3 a 11/11). No dia 17/11, o grupo ainda lança o livro Mungunzá: Obá! Produção Teatral em Zona de Fronteira, de Alexandre Mate.
MOSTRA 10 ANOS CIA MUNGUNZÁ Teatro de Contêiner. R. dos Gusmões, 43. Tel.: 97632-7852. 16/10 a 11/11. Ingresso: Pague quanto puder.