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Artista francesa faz performance em meio ao acervo da Pinacoteca, em São Paul

Geralmente, as visitas guiadas em museus ajudam o público com informações sobre a história das obras e dos artistas. Quem as guia, são pessoas preparadas e com um conhecimento grande sobre o que está ali. A artista francesa Dominique Gilliot, porém, chega a São Paulo para propor uma espécie de visita guiada diferente ao público da Pinacoteca do Estado.

A partir desta sexta-feira, 14, até o domingo, 16 (às 15h, com exceção do sábado, às 11h), Gilliot leva os visitantes do museu para um passeio pela exposição permanente, que fica no segundo andar. Na sua performance inédita A geminação (Le jumelage), ela propõe um percurso guiado não por informações sobre as obras, mas sim por sentimentos e pensamentos sobre os trabalhos.

“É realmente como se fosse uma visita guiada, mas não sou especialista nessas obras, então o meu trabalho é mais sobre a subjetividade do que objetividade”, explica Dominique, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Meu jeito de fazer isso é falar sobre sentimentos, mas de uma forma modesta, não sei o contexto para os brasileiros. Sou uma francesa muito ingênua em relação ao contexto cultural.”

Gilliot faz a performance em francês, mas com a ajuda de um artista performático brasileiro, Amilcar Packer, que interage com Dominique e realiza uma espécie de tradução simultânea. Ela espera também uma boa interação do público durante todos os dias, o que faz com que cada realização da performance seja diferente da anterior. “Eu não sou atriz e tudo é um pouco improvisado. Não vou conseguir repetir exatamente as mesmas coisas e quero incluir o público”, ela diz. “As performances não vão ser dramaticamente diferentes, mas podem mudar, sim.” Apesar desta ter sido elaborada especificamente para a Pinacoteca, Gilliot já havia feito anteriormente um trabalho parecido no museu de arte contemporânea Kunsthalle Basel, na Suíça.

Até chegar ao Brasil, pela primeira vez, já para realizar as performances, Dominique estudou a coleção da Pinacoteca por meio de um catálogo do museu. “Estava trabalhando em casa, de Paris, mas a qualidade das imagens não era muito alta, não é a mesma coisa de confrontá-las em suas realidades”, afirma a francesa, que também canta e toca na banda Gachette of the Mastiff. Não por acaso, muitos de seus trabalhos envolvem dançarinos, músicos e recursos em vídeo e outros mídias.

Ao todo, a performance tem duração de cerca de uma hora. Depende muito do que Dominique resolve falar e da interação com o público. “Posso sentir que não quero falar sobre algum pensamento e pular para o próximo. Estou bem livre para decidir na hora.” A decisão de ficar em apenas um andar do museu é para não estender tanto o percurso. “Ir para todo o museu levaria horas.”

Dominique está feliz de fazer a performance na Pinacoteca num ano em que o museu se dedicou a apresentar trabalhos de artistas mulheres, como nas mostras individuais de Hilma af Klint e Rosana Paulino, além da grande exposição coletiva Mulheres Radicais: Arte Latino-Americana, 1960-1985. “Todas as vezes que as mulheres são colocadas em foco eu fico feliz.”

A artista francesa acredita ser mais engajada politicamente em sua vida pessoal, por ser lésbica, do que em seu trabalho. Mas, na performance na Pinacoteca, ela acredita que deva haver um pouco de conteúdo político. “Consegui colocar um subtexto político, não especificamente sobre as mulheres, mas numa visão geral”, ela explica. “Não apenas as mulheres são oprimidas. Hoje há mulheres em posição de poder, ainda que não o suficiente, e algumas delas estão agindo da mesma forma que homens.”

A performance de Gilliot acontece numa parceria entre a Pinacoteca, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o Consulado da França e o Institut Français.

A GEMINAÇÃO (LE JUMELAGE), DE DOMINIQUE GILLIOT

Pinacoteca. Praça da Luz, 2. Tel. 3324-1000. 6ª e dom., 15h. R$ 6. Sáb., gratuito, 11h. Até 16/12.

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