O barbeiro e cabeleireiro Eduardo Pereira Alves, 38, nasceu em Botafogo, no Rio de Janeiro, mas desde 1996 está em Guarulhos. E foi na cidade que pegou gosto pelo mundo da beleza, ramo ao qual se dedica há 13 anos.
Filho de nordestinos e com dificuldades financeiras, ele saiu do Rio, rodou com a sua família por bairros da zona norte de São Paulo, morou e trabalhou na ocupação Anita Garibaldi, no Jardim Ponte Alta, até estabelecer seu salão, o Figaro Du, na Rua Altina Alves Brogna, número 90, no Bonsucesso.
"O mundo da barbearia explodiu e dá oportunidades a muitas pessoas. Eu me dedico e estudo diariamente porque quero ser uma referência nacional", afirmou.
Mas abrir seu negócio não foi a única vitória de Alves. Depois fazer bicos em outras áreas, como segurança e música, trabalhar em salões de terceiros, onde chegou a atender músicos famosos na cena guarulhense, e superar até seu próprio preconceito com a profissão de cabeleireiro, que, segundo ele, era visto como algo de homossexuais quando começou, o barbeiro conquistou duas competições estaduais. Uma delas, após vencer 33 oponentes de todo o Estado de São Paulo, o qualificou para disputar a seletiva nacional da World Barber Championship, um dos principais torneios do mundo da barbearia.
"Na seletiva estadual, acredito que tenha sido o único barbeiro de Guarulhos. Na verdade, tentei entrar num reality show [Barber Champion Brasil], que é transmitido pela Record News. Não consegui e me inscrevi nesta competição. Agora, sou o atual campeão paulista", afirmou Alves, que, no dia 14 de abril, estará na seletiva nacional contra 19 barbeiros de outros estados. A competição será feita durante a realização da Hair Brasil, no Expo Center Norte, na Capital. "Teremos que arcar com a locomoção. A minha sorte é que moro perto", disse.
Se for campeão, o barbeiro guarulhense disputará a etapa mundial, em Lisboa, Portugal, no mês de junho. Na Europa, o torneio será entre 10 profissionais de todo o planeta. Além do Brasil, Argentina, Colômbia, Espanha, EUA, França, Itália, Japão, Peru e Portugal terão representantes. Eles competirão por um prêmio equivalente a R$ 50 mil e um cinturão, estilo UFC, com pedras de ouro. Neste caso, a organização do evento bancará as passagens dos barbeiros.
"Confesso que olho o Instagram de outros barbeiros para ver o trabalho deles e pensar no que posso fazer. Tem um pernambucano que é muito bom", revelou. "Um cliente meu não fica menos de 40 minutos na cadeira, porque gosto de realizar um trabalho bem feito. Enquanto ele está esperando, fica impaciente, mas depois sai bastante satisfeito. Só que na competição só terei 25 minutos. É preciso prestar atenção", pontuou Alves, que admitiu fazer o corte de cabelo mais caro do Bonsucesso.
"Não é nem por ser campeão. Mas é porque eu me especializo. Não paro de estudar nunca. Continuo frequentando cursos. Cobro R$ 30 o corte e R$ 20 a barba. Se o cara optar pelos dois, dou um desconto de R$ 10 e faço por R$ 40. No começo, para conquistar a clientela na Anita Garibaldi, cobrava R$ 4 numa sala de 4m². Na comunidade, infelizmente, ninguém consegue pagar o valor justo do serviço", recordou com um aparador manual de barba na mão. "Este equipamento foi o diferencial. Eu era inquilino do cara que me deu. Ele falou que é dos anos 30".
Segundo ele, pessoas saem de Caçapava, Jundiaí e até de São José dos Campos para ir ao seu salão. "Fico impressionado. É uma clientela fiel". Atualmente, Alves, que é pai de três crianças, duas meninas e um menino, de 14, sete e três anos, tem o diploma de Mestre Barbeiro, trabalha com sua mulher, Débora Borges da Silva Alves, e mais dois colaboradores oriundos dos seus cursos. "Comecei agora. É uma caminhada nova. Cobro R$ 1,5 mil. A primeira turma de cinco alunos vai se formar agora", contou. Outra curiosidade é que apesar de apresentar como dono de uma barbearia, que é aberta de segunda a segunda, Alves, junto com Débora, também atende mulheres. "Eu até corto cabelos femininos, mas a parte de escova é com ela", concluiu.
