“Todo grande sonho começa com alguém que sonha; a força, a paciência, a paixão que nele existem; almeje as estrelas e mude o mundo.” As palavras finais entoadas pelo coro definem o sentido da peça Across the Line of Dreams, da compositora Roxanna Panufnik, que também integra o programa dos concertos desta quinta, sexta e sábado.
A peça acaba de estrear nos EUA pela Sinfônica de Baltimore pelas maestrinas Marin Alsop e Valentina Peleggi. Duas regentes, assim como pede a partitura, que prevê também a presença de dois coros – o que está intimamente ligado ao tema da obra, que homenageia duas figuras importantes do século 19.
No texto de apresentação da obra, Panufnik diz que pretendeu, com a peça, celebrar a trajetória de duas “mulheres extraordinárias que deram tudo para salvar seus povos”: a norte-americana Harriet Tubman e a indiana Rani Lakshmibai, ambas nascidas nos anos 1820, ainda que em diferentes partes do mundo.
Nascida em Maryland, Tubman criou uma rede clandestina que ajudava na fuga de escravos no sul dos Estados Unidos. Rani Lakshmibai tornou-se rainha depois da morte de seu marido. Ela também perdeu o filho e adotou um menino que pudesse ocupar o trono um dia. O governo britânico, no entanto, não o aceitou como herdeiro e ela liderou seu povo em uma batalha, morrendo pouco antes de completar 30 anos.
Em Across the Line of Dreams, cada personagem é representada por uma das regentes, por metade da orquestra e por um coro. Na música escrita para Tubman, Pannufnik evoca hinos cristãos em referência à fé da norte-americana. No caso de Lakshmibai, uma das referências é uma música escrita em sua homenagem logo após a sua morte.
O texto da obra foi escrito por Jessica Duchen, que já havia colaborado com Roxanna Panufnik, nascida na Inglaterra em 1968, na ópera Silver Birch, que tratava do tema das relações destruídas pela guerra. Estreada em 2017, a obra reuniu mais de 180 pessoas, incluindo alunos de escolas locais e membros da comunidade, que atuaram ao lado de profissionais. Outra de suas obras recentes é Abraham, concerto para violino que incorporava elementos da música cristão, judaica e islâmica.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.