O novo show do Twenty One Pilots, apresentado no Lollapalooza Brasil, começa com o baterista Josh Dun com uma tocha no palco e Tyler Joseph, vocalista e multi-instrumentalista, em cima de uma carcaça de um carro que em breve será incendiada. A primeira faixa é Jumpshit, uma espécie de hard rock moderno. Em seguida, Joseph manda um flow de rap em Levitate. Depois, senta ao piano para Heathens, um pop carregado de camadas eletrônicas feito sob medida para arenas.
A dinâmica aparentemente desconexa da apresentação é desmentida pela presença muito envolvida do público. O show tem de tudo: ukelele, autotune, solo de bateria, coro de rock star, mãozinhas pra cima, extintores no palco, levada de reggae, crowdsurfing, letras adaptadas para o Brasil, balada romântica, fantasia de esqueleto, falseto, palminhas, criando um vortex de entretenimento ao vivo.
Joseph reconhece o avanço no horário da escalação da banda em relação à 2016, quando o duo tocou no festival da parte da tarde. “Será que vocês conseguem gritar mais alto que o público da Argentina?”, pergunta.
O show não atinge a intensidade sonora de Jumpsuit em nenhum momento, mas a ideia parece ser justamente essa: atacar outras frentes de uma performance musical com alguma autenticidade.
Trench, o disco de 2018, acabou se tornando uma espécie de trincheira criativa e pós-moderna para o twenty one pilots, de onde eles partem para construir um show com os sucessos mais antigos, como Ride.
No fim, a banda apresenta um espetáculo millenial imprevisível, e não é preciso pedir mais.