Um pesquisador, há alguns meses, fez uma espécie de teste com o intuito de verificar até que ponto a internet poderia ser útil ao trabalho dele. Ele é coordenador de um Grupo de Memória da Engenharia, numa universidade pública. Por isto, trata de temas bastante complexos. Na ocasião pesquisava “A Arquitetura Erudita na Amazônia Colonial”.
O pesquisador tinha descoberto que Portugal saíra da situação de atraso em relação a outros países da Europa, na segunda metade dos anos de 1700, no campo da Engenharia Militar. E que isto ocorrera graças à contratação por Lisboa, em 1762, do inglês Friedrich Wilhelm Ernest zu Schaumburg, conhecido como Conde de Lippe. Foi o conde quem, àquela altura, reorganizou e atualizou o Exército de Portugal, sintonizando-o com os avanços da Engenharia Militar Européia.
O pesquisador necessitava saber mais sobre Lippe porque os engenheiros militares portugueses que chegaram à Amazônia, depois de 1770, tinham preparo técnico evidentemente superior aos que haviam atuado na região antes. Ele, no entanto, digitou o nome de Lippe na janela de busca do Google apenas para se certificar de que nada encontraria sobre ele.
Para sua surpresa, o Google revelou que na internet havia não somente dados sobre a carreira do inglês, como ainda um material cuja existência o pesquisador sequer havia suspeitado: imagens do conde, num quadro de pintura e numa escultura, imagem da mulher dele, e, por fim, foto de um castelo construído por Lippe.
Esta possibilidade de dispor de um banco de dados amplo e organizado sempre foi uma grande aspiração de qualquer produtor de texto. Especialmente, dos que se dedicam ao Jornalismo de Pesquisa e à criação de narrativas não ficcionais.
Mas, antes do surgimento da internet, existiam apenas arquivos públicos e particulares. O acesso a eles, contudo, nem sempre era fácil. Por isto, nos anos de 1960, o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, não se contentou com a compra das enciclopédias que eram oferecidas de porta em porta, nas casas brasileiras, como única possibilidade de obtenção de arquivos de informações impressas, para uso próprio. Criou seu próprio arquivo, e, se tornou referência para a pesquisa jornalística em nosso país. Em seguida, a Editora Abril de São Paulo lhe seguiu os passos: surgiu seu famoso DEDOC, Departamento de Documentação. E, logo, a empresa Folha da Manhã, também
Hoje, com a internet, a importância destes arquivos foi redimensionada. Eles são vistos mais como fontes de consultas de documentos históricos porque guardam informações antigas impressas. Porém, a internet lhes é infinitamente superior, em quantidade de informações e em facilidade de acesso.
E ela ainda oferece materiais de apoio como dicionários, programas de correção ortográficas, mapas, iconografia e arquivos de imagens em movimento.
Oswaldo Coimbra é jornalista e pós-doutor em Jornalismo pela ECA/USP