A grande extensão territorial da qual o Brasil se orgulha foi uma conquista obtida, em grande parte, graças a desconhecidos engenheiros-militares alemães e italianos. Eles integraram a Comissão de Demarcações de Limites portuguesa que desembarcou em Belém no dia 10 de julho de 1753. Entre eles, havia um arquiteto: Antonio Giuseppe Landi.
Estes profissionais estavam acostumados às regalias que a Europa, em pleno Século das Luzes, proporcionava. No entanto, tinham assumido a obrigação de se internar no sertão da Amazônia para realizarem o primeiro levantamento cartográfico rigoroso de seus rios de navegação, tarefa arriscada para quem não estava familiarizado com eles. O levantamento se tornou um subsídio valioso às negociações que a comissão portuguesa travou, no interior da região – na aldeia de Mariuá, atual Barcelos, no Estado do Amazonas -, com os integrantes da comissão de demarcações espanhola, tendo em vista uma nova divisão das terras da América do Sul. Destas negociações resultou o reconhecimento pela Espanha da expansão, na área, do território português, o qual, com a independência do Brasil, em 1822, tornou-se parte considerável do nosso país atual.
Landi, particularmente, estava acostumado com as regalias de um membro da Academia de Ciências de Bolonha. Como, por exemplo, o desfrute de um ambiente de formação profissional no qual se acumulava o que de melhor havia, na época, dentro da cultural ocidental, como assinala Arthur Maroja, em seu estudo “O vôo da garça”, de 1992. Bolonha, a cidade natal do arquiteto, lembra Maroja, foi fundada pelos etruscos, um povo muito evoluído. E isto ocorreu antes do aparecimento da civilização romana. Quando Landi se internou na Amazônia, o sistema de ensino de Bolonha era capaz de transmitir um corpo de saber depurado pela passagem de séculos e séculos.
A dureza da missão que as duas comissões de demarcações teriam de realizar era evidente. Seus membros não dispunham de apoio logístico capaz de garantir a eles um mínimo de conforto ou mesmo segurança física, caso fossem atacados por bichos ou doenças. É da atuação destes técnicos que trata o livro “Engenharia Militar na Amazônia do século XVIII – As três décadas de Landi no Gram-Pará”.